WASHINGTON (Reuters) - Um importante assessor de Donald Trump disse neste domingo não acreditar na reportagem que afirma que o bilionário se passou por seu próprio porta-voz para vangloriar-se sobre sua vida pessoal a uma revista de celebridades.
O Washington Post divulgou uma gravação de áudio na sexta-feira de um homem que se identificou como “John Miller”, um suposto agente publicitário de Trump, e que teria falado sobre encontros românticos do bilionário durante uma conversa com um repórter da People Magazine em 1991.
Depois de ouvir a gravação durante o programa “State of the Union”, da CNN, o assessor sênior de Trump, Paul Manafort, afirmou não acreditar que aquela seria a voz do candidato favorito do partido republicano para disputar as eleições norte-americanas.
“Mal posso entender a gravação”, disse Manafort. “Não posso dizer quem é. Donald Trump diz que não é ele, eu acredito que não seja ele.”
Na sexta-feira, Trump disse ao programa "Today", da NBC, que a voz não era dele, embora tenha admitido usar ao menos um pseudônimo para falar com repórteres no ano passado.
A reportagem original da People Magazine, publicada em 1991, descreve Miller como “um misterioso relações públicas que se parece justamente com Donald”.
Poucos dias após a publicação, a repórter da People Sue Carswell, que gravou a entrevista, disse que Trump admitiu ter se passado por Miller como uma brincadeira e teria se desculpado por isso.
No início do mês, Trump selou sua indicação para disputar a eleição presidencial de 8 de novembro pelo Partido Republicano e tem trabalhado para tentar unificar o partido a seu favor.
A gravação rapidamente se espalhou pela mídia norte-americana e, no sábado, o popular programa humorístico Saturday Night Live, satirizou a gravação, com um ator interpretando Trump, em que ele telefonava para repórteres fingindo ser seu próprio porta-voz.
Na gravação aparecem algumas frases e padrões de fala que são comumente usados por Trump, incluindo a frase “ele está começando a se dar tremendamente bem financeiramente”, além do o uso da palavra “francamente”, que Manafort destacou como provavelmente adotadas por pessoas que trabalham com Trump.
“A justificativa para a gravação é... Palavras que estão na gravação são palavras usadas por Donald Trump”, disse Manafort. “Estou trabalhando para Donald Trump há seis semanas. Uso as palavras que ele usa.”
A disposição de Trump de se passar por um porta-voz falso foi relatada pela primeira vez em 1990, quando testemunhou sob juramento, como parte de um processo, que tinha usado algumas vezes o pseudônimo de John Baron ao falar com jornalistas ao telefone.
“Muitas pessoas usam pseudônimos”, teria dito Trump após testemunhar, segundo a Newsday.“Ernest Hemingway usou um.”