RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) disse neste sábado que não tem pressa para fechar seu ministeriado, embora tenha manifestado que já gostaria de ter definido todos os nomes.
Bolsonaro, que não deu prazo para a escolha de todos os ministros, negou que tenha sofrido pressão de evangélicos para a definição do ministro de Educação, anunciado nesta semana.
"Já queria ter fechado o ministério, mas isso é como casar. Você pode namorar muitas, mas noivar e casar só com uma", disse ele a jornalistas, depois de participar de uma cerimônia militar na zona oeste do Rio de Janeiro.
Segundo ele, para fechar o ministeriado, "falta a gente conversar melhor com aqueles que a gente pretende colocar nesses ministérios".
Os nomes para muitos ministérios já foram definidos. Mas falta, por exemplo, saber quem comandará o Ministério de Minas e Energia, estratégico em um país como o Brasil, grande exportador de commodities.
"Todos os ministérios são importantes e precisam ser muito bem discutidos, e a gente não pretende anunciar nome e depois trocar", completou o presidente eleito.
Esta semana, houve polêmica em torno da escolha do ministro da Educação, depois de uma suposta pressão da bancada evangélica.
Bolsonaro escolheu Ricardo Vélez Rodríguez, após a bancada religiosa ter supostamente vetado o nome de Mozart Neves, diretor do Instituto Ayrton Senna.
O presidente eleito negou a pressão dos evangélicos na definição do ministro, mas destacou a importância do segmento religioso para seu governo e para o país.
"Não teve pressão nenhuma (da bancada evangélica). Várias pessoas me procuram, são indicadas, eu converso com todo mundo e, como vocês dizem na imprensa, 'comeram barriga'. Citaram um nome que não tinha sequer anunciado", afirmou ele.
"A bancada evangélica é importante, não é para mim, é para o Brasil... A pessoa indicada não é evangélica, mas atende aquilo que a bancada evangélica defende como os princípios, valores familiares, respeito a criança... formar alguém que seja útil para o Brasil e não para o seu partido", complementou.
Rodríguez, escolhido para ministro da Educação, é um defensor da Escola sem Partido, e foi indicado ao presidente eleito pelo filósofo Olavo de Carvalho --que também emplacou Eugênio Araújo no Ministério das Relações Exteriores.
VENEZUELA
Sobre a entrada de venezuelanos em Roraima, para fugir da crise econômica no país vizinho, o presidente eleito disse que é preciso buscar uma solução conjunta para os imigrantes.
Segundo ele, os venezuelanos não podem ser devolvidos ao seu país "porque não são mercadorias".
Bolsonaro cogitou a possibilidade de criação de campo de refugiados em Roraima e defendeu um rígido controle na entradas dos venezuelanos, "porque tem gente que não queremos no Brasil".
PROGRAMAS SOCIAIS
O presidente eleito garantiu que não pretende acabar com os programas sociais de administrações anteriores, mas afirmou que em seu governo vai auditá-los para eliminar eventuais irregularidades e a dependência das pessoas dos projetos.
"Projeto social tem que ser para tirar a pessoa da pobreza e não para mantê-la num regime de quase dependência", disse ele.
"Ninguém seria irresponsável de acabar com programa social, mas todos serão submetidos a auditorias para que aqueles que podem trabalhar entrem no mercado e não fiquem dependendo do Estado a vida toda", frisou.
(Por Rodrigo Viga Gaier)