RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente eleito Jair Bolsonaro classificou a reunião que teve nesta quinta-feira com o assessor de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Bolton, de um grande encontro em que foram discutidos temas importantes como questões comerciais, armamentísticas e de geopolítica.
Segundo Bolsonaro, há um interesse cada vez maior do Brasil em se aproximar dos Estados Unidos.
"Falamos também de Venezuela, Cuba; foi mais um grande passo para uma grande aproximação", disse ele a jornalistas após de participar de uma cerimônia de formatura militar, na zona oeste do Rio de Janeiro.
O presidente eleito reiterou a possibilidade de mudar a sede da embaixada do Brasil em Israel, para Jerusalém, na mesma direção já realizada pelos EUA.
"Conversamos sobre isso sim. Conversei ontem com embaixador de Israel e essa possibilidade existe. Jerusalém tem duas partes, uma delas não está em litígio”, frisou ele, sem dar um prazo para uma decisão sobre a possível troca do endereço de Tel Aviv para Jerusalém.
Tema de campanha, Bolsonaro voltou a falar na transferência da embaixada brasileira em Israel já eleito, o que acabou levando à suspensão, pelo governo egípcio, da visita do ministro de Relações Exteriores do Brasil àquele país.
Segundo Bolsonaro, existe até a possibilidade de o presidente norte-americano, Donald Trump, vir a sua cerimônia de posse, em 1º de janeiro de 2019, embora reconheça que a “data é ingrata".
“Ficaria muito honrado se o Trump comparecesse a nossa posse”, disse ele, que pretende visitar os Estados Unidos, provavelmente após a cirurgia para a reversão da colostomia que pode ocorrer em 20 de janeiro.
Bolsonaro acredita que após a reunião desta quinta-feira haverá “frutos econômicos e comerciais” que ambos os lados precisam.
“Terrorismo não entrou na conversa, mas as barreiras e taxas alfandegárias, a dificuldade de fazer negócio aqui”, disse o presidente eleito. “Transmiti a ele (Bolton) que isso está bem conduzido com a equipe econômica no sentido de facilitarmos o comércio, sem prejudicar a nossa economia obviamente."
O assessor norte-americano chegou cedo na manhã desta quinta-feira à casa de Bolsonaro, na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade, acompanhado de outros representantes do governo dos EUA.
Ao ser questionado sobre o comentário de um de seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro, sobre a ameaça à segurança do presidente eleito, ele afirmou que a sua morte interessa "a muita gente como o crime organizado" e lembrou do atentado sofrido em Juiz de Fora, durante a campanha.
"O crime organizado e a turma do colarinho branco não têm interesse que eu chegasse ao poder", disse Bolsonaro.
PRIVATIZAÇÕES CRITERIOSAS
Depois que os futuros presidentes de estatais como Caixa Econômica Federal (CEF), Banco do Brasil (SA:BBAS3) e Petrorbas defenderem a venda de negócios das empresas, o presidente eleito garantiu que as vendas serão feitas de forma criteriosa e não haverá desestatização de empresas estratégicas. As privatizações em seu governo serão feitas de forma "responsável".
"Vai ter que ser responsável, não vai ser jogar para cima e ficar livre delas", destacou. "Algumas privatizações vão ocorrer e outras estratégicas, não. CEF e BB não estão no radar de venda não e (seus negócios) vamos ver isso aí", acrescentou.
O presidente eleito pretende anunciar até sexta-feira o nome do novo ministro de Minas e Energia e elogiou a escolha do ex-ministro Osmar Terra para voltar ao seu time de governo, à frente do Ministério da Cidadania.
Bolsonaro afirmou ainda que há uma reivindicação da bancada feminina na Câmara dos Deputados para se ter uma mulher à frente de um ministério voltado às famílias brasileiras, direitos humanos e mulher e essa proposta ele está analisando. "Tem uma reclamação delas por assim dizer", afirmou.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)