BRASÍLIA (Reuters) - Apesar da pressão do chamado centrão da Câmara e do apoio do PMDB pela indicação do deputado André Moura para líder do governo na Câmara, a reunião desta terça-feira entre os líderes e o presidente interino Michel Temer terminou sem conclusão.
“O presidente não definiu. Essa questão é uma prerrogativa do presidente. Vamos conversar com os líderes e encontrar uma solução que signifique um diálogo com franqueza e clareza”, disse o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima.
O ministro negou que Temer tenha recebido indicação dos líderes e repetiu que a escolha será negociada.
Representantes do PMDB e dos partidos que formam o grupo (PP, PR, PSD, PSC, PTB, PHS) formalizaram a indicação com o presidente interino Michel Temer na tarde desta terça-feira.
“A escolha foi assinada por unanimidade pelo grupo de 300 deputados”, disse o líder do PHS, Givaldo Carimbão (AL).
PSDB, DEM e PPS não participaram da reunião do centrão e não chancelaram a indicação.
Um dos mais fiéis integrantes da tropa de choque do presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Moura enfrenta resistências no Planalto por ter uma longa ficha judicial e estar sendo investigado pela operação Lava Jato.
Moura é investigado, juntamente com outros oito deputados próximos a Cunha, por corrupção passiva, ativa e lavagem de dinheiro em operações envolvendo o banco Schahin.
O deputado ainda tem outros seis inquéritos no STF. Três deles, por apropriação indébita, desvio de bens e formação de quadrilha na prefeitura de Pirambu, onde exerceu dois mandatos.
Há ainda um inquérito por suspeita de corrupção em dispensas de licitação na Assembleia Estadual de Sergipe.
No Senado, nomes de duas senadoras de partidos aliados do novo governo são ventilados nos corredores: Simone Tebet (PMDB-MS), e Ana Amélia (PP-RS). O assunto, aliás, seria um dos temas abordados pelo presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), em encontro com Temer nesta terça-feira.
A escolha de uma mulher para o posto poderia amenizar as críticas de que não há mulheres na composição do primeiro escalão do governo interino.
Paira ainda a discussão sobre a liderança do governo no Congresso. Representantes do centrão advogam para que, dessa vez, seja um deputado a ocupar o posto.
O governo tem votações importantes pela frente. A maior delas, a da modificação na meta de superávit fiscal, que precisa ser votada até a próxima semana em sessão do Congresso.
(Por Lisandra Paraguassu e Maria Carolina Marcello; Edição de Maria Pia Palermo)