Por Linda Sieg
TÓQUIO (Reuters) - A forma como o pré-candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos Donald Trump retratou o Japão como um aproveitador em questões de segurança está fazendo Tóquio temer por danos na aliança com os EUA, e pode incentivar a linha-dura do país determinada a fortalecer o poderio militar japonês em vista de uma China cada vez mais intimidante.
Há décadas a aliança EUA-Japão é o ponto central da política de segurança do Tóquio, mas nos últimos anos as dúvidas a respeito da disposição e da capacidade de Washington de continuar a defender seu principal parceiro asiático têm aumentado.
Os comentários do republicano favorito nas pesquisas de opinião não ajudaram a diminuir em nada tais receios.
"Se alguém atacar o Japão, temos que ir e começar a Terceira Guerra Mundial imediatamente, certo? Se formos atacados, o Japão não tem que nos ajudar", disse Trump em discurso de campanha no final do ano passado. "Isso não parece muito justo".
Trump também acusou os japoneses de roubarem empregos e criticou a Parceria Transpacífica, pacto comercial de 12 países liderado pelos EUA que Tóquio vê como vital por razões tanto estratégicas quanto econômicas.
"Se você ouvir os comentários dele (sobre segurança), os EUA se tornariam isolados, então acho que há uma grande ansiedade entre os países aliados", afirmou Itsunori Onodera, que serviu como ministro da Defesa do primeiro-ministro Shinzo Abe, à Reuters.
No ano passado, Abe empregou um capital político considerável para aprovar uma legislação polêmica que permite aos militares do Japão defenderem nações aliadas sob ataque, uma grande revisão da Constituição pacifista do país oriental.
"É da incumbência do Japão se proteger, e sua defesa é necessária para que a aliança seja mantida com a melhor postura possível", disse uma fonte próxima de Abe.