Por Patricia Zengerle
WASHINGTON (Reuters) - Uma comissão da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovou de forma unânime, na segunda-feira, a divulgação de um documento confidencial que, segundo democratas, refutará um memorando republicano polêmico que alega que o FBI é tendencioso em relação ao presidente Donald Trump.
Como resultado da votação, o memorando democrata de 10 páginas seria enviado à Casa Branca ainda na noite de segunda-feira. Trump terá até sexta-feira para decidir se permite ou não sua divulgação.
Se o presidente rejeitá-lo depois de ter aprovado a divulgação do memorando republicano, apesar das fortes objeções da Polícia Federal dos EUA, pode se iniciar uma disputa agressiva que lançaria a Casa Branca e muitos dos colegas republicanos de Trump no Congresso contra democratas e agências da lei e da inteligência.
Uma semana atrás os republicanos, que têm maioria na comissão, uniram forças para impedir a divulgação do memorando democrata e aprovar o texto de seu partido, apesar da oposição democrata unânime.
Mas na segunda-feira integrantes republicanos do comitê disseram estar despreocupados com a divulgação do documento democrata agora que ele foi analisado por membros da Câmara.
O memorando republicano acusa autoridades graduadas do FBI e do Departamento de Estado de não revelarem que trechos de um dossiê usado para obter um mandado secreto do Tribunal de Vigilância de Inteligência Externa para espionar Carter Page, ex-assessor de campanha de Trump, foram pagos em parte por democratas.
Trump permitiu sua divulgação na sexta-feira passada.
Os democratas afirmam que o memorando republicano visou minar a investigação criminal do Procurador Especial, Robert Mueller, a respeito de um possível conluio entre Moscou e a campanha de Trump e que este pode tentar usá-lo para justificar a demissão de Mueller ou de Rod Rosenstein, o segundo funcionário mais graduado da Justiça, que assinou ao menos um pedido de mandato contra Page.
A disputa, uma ruptura extraordinária entre a Casa Branca e as forças da lei, também aprofundou o rancor partidário contra as investigações parlamentares sobre a Rússia e a eleição de 2016, provocando dúvidas sobre a capacidade dos parlamentares para produzirem relatos imparciais.
Uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada na segunda-feira mostrou que quase três de cada quatro republicanos acreditam que o FBI e o Departamento de Estado estão tentando minar Trump, uma mudança radical em um partido que historicamente tem sido um grande apoiador das agências da lei.
(Reportagem adicional de Doina Chiacu, Makini Brice, Steve Holland e Jonathan Landay)