ATENAS (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff cancelou viagem que faria à Grécia este mês para acompanhar a cerimônia de acendimento da tocha dos Jogos Olímpicos Rio 2016 na cidade de Olímpia, informou o comitê olímpico da Grécia nesta sexta-feira, em meio à tramitação do processo de impeachment no Congresso Nacional.
Segundo os gregos, havia a previsão de que Dilma comparecesse ao evento em Olímpia em 21 de abril ao lado do presidente grego, Prokopis Pavlopoulos, e do chefe do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach.
A cerimônia vai ocorrer dias após a data prevista para a votação do pedido de abertura do processo de impeachment de Dilma pelo plenário da Câmara dos Deputados, em 17 de abril. Se for aprovado, o processo será encaminhado ao Senado.
"A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, cancelou sua presença no evento, de acordo com informação fornecida ao Comitê Olímpico Helênico pela embaixada do Brasil", disse o comitê grego.
O Palácio do Planalto confirmou que Dilma não viajará à Grécia, mas disse que a visita da presidente nunca esteve confirmada uma vez que a cerimônia de acendimento da tocha acontece no meio de dois eventos da ONU em Nova York com presença prevista da presidente, uma sessão especial da Assembleia-Geral da ONU sobre drogas e a assinatura do acordo de Paris sobre as mudanças do clima, nos dias 19 e 22 de abril.
O governo brasileiro será representado em Olímpia pelo ministro do Esporte, Ricardo Leyser, que participou nesta sexta-feira ao lado de Dilma da inauguração do Estádio Aquático Olímpico do Rio.
"Nós sempre sugerimos que a presidente esteja sempre presente o máximo possível, mas não podemos ter uma presidente olímpica", disse o ministro, que descartou motivações políticas para a ausência de Dilma do acendimento da tocha.
"Pesou muito o fato de nunca um chefe de Estado ter ido, e a cerimônia em Olímpia é quase religiosa e cultural", afirmou. "Não tem a ver com isso (crise política). Ela estabeleceu prioridades, e tem a ver com a agenda do país".
A cerimônia da tocha realizada no local de origem dos Jogos Olímpicos da Grécia antiga tradicionalmente marca a contagem regressiva para a maior competição multiesportiva do mundo. O evento dá início ao revezamento da tocha olímpica até a cerimônia de abertura da Olimpíada.
O Rio vai receber os primeiros Jogos Olímpicos da América do Sul de 5 a 21 de agosto.
(Reportagem de Karolos Grohmann; reportagem adicional de Lisandra Paraguassu, em Brasília, e Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro)