Por Andrew Cawthorne e Andreina Aponte
CARACAS (Reuters) - A corrida eleitoral presidencial da Venezuela começou nesta quarta-feira, com o atual presidente e favorito, Nicolás Maduro, sinalizando uma plataforma "anti-Trump", enquanto adversários desmoralizados lutam por um candidato e temem uma votação injusta.
Adversários dizem que Maduro, de 55 anos e ex-motorista de ônibus que sucedeu Hugo Chávez em 2013, arruinou a economia que já foi próspera, transformou a Venezuela em uma ditadura e distorceu o sistema eleitoral para perpetuar o poder do Partido Socialista.
Autoridades dizem estar lutando contra uma conspiração da direita liderada pelos Estados Unidos que busca acabar com o socialismo na América Latina, enfraquecer a economia da Venezuela e roubar a riqueza petrolífera do país.
"Donald Trump não é o chefe da Venezuela!", disse Maduro em comício na noite de terça-feira, após a Assembleia Constituinte, pró-governo, dizer que a eleição será realizada em 30 de abril.
Trump disse no ano passado que uma intervenção militar é uma opção para a Venezuela, embora tenha amenizado a retórica após fortes críticas regionais ao comentário.
A candidatura de Maduro parece ser uma formalidade: ele diz que irá concorrer caso o Partido Socialista queira, e líderes partidários dizem que não há outro candidato sendo considerado.
Os índices de aprovação do presidente despencaram durante a brutal recessão de quatro anos causada por políticas estatais fracassadas, como controles monetários, e a queda nos preços globais do petróleo desde 2014.
Sanções estrangeiras contra o governo de Maduro, incluindo a proibição norte-americana de investidores negociarem qualquer dívida nova da Venezuela, exacerbaram o cenário sombrio, com milhões sofrendo com a falta de alimentos e remédios e por conta da inflação mais alta do mundo.
Mas tendo sobrevivido grandes protestos no ano passado e consolidado seu poder, a pressão internacional deu agora a Maduro um poderoso grito de guerra para buscar a reeleição.
"Diante de mais sanções, nós dizemos mais eleições... O povo comanda a Venezuela, e não os impérios", acrescentou no comício de terça-feira, entrando no modo de campanha com jingles de eleições passadas. "Estou pronto... Nós vamos vencer com grandiosidade".