(Reuters) - Autoridades do Egito iniciaram nesta quinta-feira a contagem dos votos de uma eleição que deve dar um segundo mandato ao presidente Abdel Fattah al-Sisi, que comandou uma operação de repressão à dissidência que afastou todos os candidatos possivelmente ameaçadores.
Enquanto os votos são somados para os resultados oficiais, previstos para 2 de abril, o foco estará no comparecimento, já que Sisi não enfrentou nenhuma oposição digna de crédito. Críticos dizem que a disputa lembrou o tipo de votação que manteve autocratas árabes no poder durante décadas antes da Primavera Árabe de 2011.
O ex-comandante militar derrubou o islâmico Mohamed Mursi, o primeiro presidente egípcio eleito democraticamente, durante os tumultos de 2013, ocorridos após uma revolta popular deflagrada dois anos antes.
Sisi foi eleito em 2014 com 97 por cento dos votos, mas com um comparecimento modesto de cerca de 47 por cento.
As autoridades estão desesperadas para garantir um comparecimento mais alto desta vez, já que Sisi vê este número como um referendo de sua popularidade e busca um mandato forte para combater militantes e impulsionar reformas econômicas.
A mídia estatal proclamou a vitória de Sisi na manhã desta quinta-feira, depois de a eleição prever um "grande comparecimento", e programas de rádio disseram que a maioria dos eleitores pertence à juventude em rápido crescimento.
"O povo escolheu seu presidente", estampou a manchete do jornal estatal Al-Gomhouria.
Mas indicações iniciais de fontes que monitoraram a votação levam a crer que o comparecimento pode ter sido menor do que o do pleito de 2014.
Nos dois primeiros dias da votação cerca de 21 por cento da população foi às urnas, disseram duas fontes que acompanharam o processo, e um diplomata ocidental disse que no final de terça-feira a cifra estava entre 15 e 20 por cento.
Na noite de quarta-feira as duas fontes afirmaram que o comparecimento pode ter sido de menos de 40 por cento.
As autoridades egípcias e os veículos de mídia tentaram angariar o maior número possível de votos, dizendo aos eleitores se tratar de um dever e retratando a abstenção como uma traição ao país.
Outras táticas também foram empregadas – alguns eleitores disseram ter recebido dinheiro e outros incentivos para depositar seus votos.
Sisi concorreu contra um único oponente que o apoia abertamente, já que toda a oposição séria desistiu da disputa no início do ano citando intimidações e prisões.
(Por John Davison)