SÃO PAULO (Reuters) - A Eletronuclear, subsidiária da estatal Eletrobras (SA:ELET3) responsável pela construção da usina nuclear de Angra 3, irá à China em dezembro para buscar parceiros que viabilizem a retomada das obras do empreendimento, afirmou nesta quarta-feira o presidente interino da companhia, Bruno Barretto.
A usina de Angra 3, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, já consumiu 8,6 bilhões de reais em investimentos, mas ainda não tem data para ficar pronta, o que pode acontecer somente após 2022.
As obras foram paralisadas no final do ano passado, quando as empreiteiras responsáveis desistiram do projeto e alegaram atrasos de pagamentos pela Eletronuclear. Na época, as empresas foram também acusadas de cartel na contratação dos serviços, o que é alvo de investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
De acordo com Barretto, o objetivo da Eletronuclear é encontrar empresas estrangeiras dispostas a assumir os contratos de construção da planta, que tem cerca de 60 por cento das obras já realizadas.
Ele disse que a companhia tem conversado com grandes agentes internacionais do setor nuclear, mas os chineses têm dado espaço para o avanço das tratativas.
As negociações deverão ter continuidade em dezembro com a ida de Barretto à China. Ele disse que a viagem deverá envolver conversas com as estatais China National Nuclear Corporation (CNNC) e State Nuclear Power Technology Company (SNPTC), além de bancos de fomento do país,
"Essa visita à China é fruto de conversas que vêm de meses", disse Barreto durante um evento sobre investimentos chineses em infraestrutura no Brasil.
Ele ressaltou, no entanto, que a legislação brasileira proíbe que empresas estrangeiras ou privadas operem usinas nucleares no Brasil e que esse modelo está mantido. Assim, as parcerias a serem negociadas para a usina deverão se restringir aos contratos de construção do empreendimento.
Um ex-presidente da Eletronuclear Othon Pinheiro é réu na Justiça Federal junto a mais de uma dezena de pessoas por acusações de corrupção nos contratos de Angra 3.
Outro presidente, Pedro José Diniz Figueiredo, que assumiu no lugar de Pinheiro, foi afastado após operação da Polícia Federal que acusou o executivo de tentar atrapalhar as investigações. Com a saída de Figueiredo, o presidente interino Bruno Barretto assumiu o cargo em julho.
(Por Luciano Costa)