BRASÍLIA (Reuters) - O presidente eleito Jair Bolsonaro anunciou nesta quarta-feira que o embaixador Ernesto Araújo, um admirador do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, será seu ministro das Relações Exteriores a partir de janeiro.
"A política externa brasileira deve ser parte do momento de regeneração que o Brasil vive hoje. Informo a todos a indicação do embaixador Ernesto Araújo, diplomata há 29 anos e um brilhante intelectual, ao cargo de ministro das Relações Exteriores", escreveu Bolsonaro no Twitter (NYSE:TWTR).
Durante a campanha eleitoral em que Bolsonaro foi eleito, Araújo defendeu ideias do então presidenciável do PSL em um blog na internet "contra o globalismo". Atual diretor do Departamento de EUA, Canadá e Assuntos Interamericanos do Itamaraty, ele foi recentemente promovido a embaixador e jamais chefiou uma embaixada do Brasil no exterior.
Em entrevista ao lado de Bolsonaro no Centro Cultural Banco do Brasil (SA:BBAS3), onde está localizada a transição de governo, Araújo elogiou o futuro chefe e disse que o Brasil vive "um momento extraordinário" com a eleição do capitão da reserva do Exército ao Palácio do Planalto.
"Antes de tudo, (principal linha de trabalho é) garantir que esse momento extraordinário que o Brasil está vivendo com a eleição do presidente Bolsonaro se traduza dentro do Itamaraty. Uma política efetiva, uma política em função do interesse nacional, uma política de um Brasil atuante, de um Brasil feliz, de um Brasil próspero", disse o futuro chanceler, de 51 anos, acrescentando que não haverá preferência na escolha de parceiros.
Bolsonaro afirmou que Araújo foi escolhido por seu perfil e por sua iniciativa e terá a missão de incrementar os negócios do Brasil com todo o mundo sem o que chamou de "viés ideológico".
"Obviamente motivar o MRE, incrementar a questão de negócios com o mundo todo sem o viés ideológico, não interessa se de um lado ou de outro. Ter iniciativa e, com todo o respeito, algumas instituições perderam seu brilho ao longo dos últimos anos, queremos o MRE brilhando", disse.
Araújo é um admirador de Trump, também constantemente elogiado por Bolsonaro.
Em artigo intitulado "Trump e o Ocidente", publicado em um periódico diplomático, o futuro chefe do Itamaraty argumenta que o presidente dos EUA está salvando a civilização cristã ocidental do islamismo radical e do “marxismo cultural globalista” ao defender a identidade nacional, os valores familiares e a fé cristã, enquanto a Europa não o faz.
O Brasil tem a chance de recuperar sua “alma ocidental”, adotar a vertente de nacionalismo de Trump e buscar os interesses nacionais, ao invés de ficar preso a blocos de nações, escreveu ele.
(Reportagem de Mateus Maia; Reportagem adicional de Eduardo Simões, em São Paulo)