Por Alexandra Ulmer e Alexandra Valencia
QUITO (Reuters) - O candidato de esquerda Lenín Moreno comemorou sua vitória na eleição presidencial do Equador nesta segunda-feira, contrariando a atual inclinação da América do Sul à direita, mas seu adversário conservador exigiu uma recontagem de votos enquanto alguns de seus partidários foram às ruas para protestar.
O triunfo de Moreno foi um alívio para o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, já que o ex-banqueiro Guillermo Lasso tinha prometido retirá-lo da embaixada equatoriana em Londres se vencesse o segundo turno.
O resultado também foi um impulso para os fragilizados movimentos de esquerda na América do Sul, já que recentemente governos de perfil mais à direita assumiram na Argentina, no Brasil e no Peru em um cenário de retração nas commodities, economias em crise e escândalos de corrupção crescentes.
Nicolás Maduro, presidente da combalida Venezuela e líder socialista de destaque na região, parabenizou Moreno com entusiasmo no Twitter, assim como o presidente boliviano, Evo Morales.
"Parabéns, Equador, a revolução cidadã triunfou!", escreveu Maduro, assim como boa parte de seu gabinete. "O socialismo do século 21 sempre triunfa", tuitou Morales. "Parabéns irmão @Lenin!".
Lasso prometeu denunciar Maduro, que rivais dizem ter transformado seu país em uma ditadura.
O ex-vice presidente paraplégico Moreno obteve 51,15 por cento dos votos, e Lasso 48,85 por cento, com quase 99 por cento das urnas apuradas, informou o Conselho Nacional Eleitoral na manhã desta segunda-feira.
Lasso, que havia proclamado sua vitória baseado em uma pesquisa de boca de urna, questionou os resultados, que vão prolongar o comando de uma década da esquerda na nação rica em petróleo.
"Eles ultrapassaram um limite", disse ele a seus apoiadores em um hotel de Guayaquil, sua cidade-natal, no domingo, prometendo contestar o desfecho da eleição, um processo complexo que pode levar tempo.
"Iremos defender a vontade do povo equatoriano diante desta tentativa de fraude".
O candidato opositor tuitou fotos mostrando o que disse ser votos originais em sua chapa que foram alterados por autoridades eleitorais, que negaram as alegações de fraude.
Lasso contrastou a apuração rápida de domingo com o primeiro turno de fevereiro, quando o resultado final demorou dias.
Centenas de seus apoiadores se reuniram diante do escritório do Conselho Nacional Eleitoral na capital, Quito, e em Guayaquil, empunhando bandeiras do Equador e entoando "Não à fraude!" e "Não queremos ser a Venezuela!".
Houve relatos de confrontos isolados, mas os protestos diminuíram à medida que a noite chegou e as pessoas voltaram para casa.
(Reportagem adicional de Yury Garcia, Daniel Tapia e Henry Romero em Guayaquil e Jose Llangari e Mariana Bazo em Quito)