(Reuters) - O novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão, afirmou que irá trocar equipes de investigação da Polícia Federal se "cheirar" vazamento de informações, mas negou pretenda influenciar na operação Lava Jato, conforme entrevista ao jornal Folha de S.Paulo publicada neste sábado.
"Cheirou vazamento de investigação por um agente nosso, a equipe será trocada, toda. Não preciso ter prova. A Polícia Federal está sob nossa supervisão", afirmou ao jornal.
Questionado sobre a possibilidade de influenciar na operação Lava Jato, que investiga corrupção envolvendo empresas estatais, órgãos públicos, empreiteiras e políticos, ou atuar para barrar a investigação, Aragão respondeu: "Não, de jeito nenhum. Não tenho essa prerrogativa, essa competência".
Na entrevista à Folha, o ministro classificou de "extorsão" o método com que as delações premiadas são negociadas na Lava Jato, e minimizou as declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em uma escuta telefônica, afirmando que ele deveria ter "pulso firme" no ministério.
"Não, isso é uma conversa privada dele. As pessoas entre quatro paredes falam o que querem. Fico até me perguntando qual o interesse público numa fofoca dessa. Isso para mim se chama fofoca. Não me afeta", disse Aragão.
Eugênio de Aragão, ex-subprocurador-geral da República, foi nomeado ministro da Justiça na última segunda-feira, em substituição a Wellington César Lima e Silva, que ficou poucos dias no cargo e deixa a pasta após o Supremo Tribunal Federal determinar que vale o previsto na Constituição de 1988, que proíbe membros do Ministério Público, caso do agora ex-ministro, de ocupar outros cargos públicos que não o de professor.