Por Warren Strobel e Dustin Volz e Jonathan Landay
WASHINGTON (Reuters) - Russos organizaram uma conspiração criminosa e de espionagem para interferir na campanha presidencial dos EUA de 2016 apoiando Donald Trump e atacando Hillary Clinton, revelou o indiciamento divulgado na sexta-feira, que revelou mais detalhes sobre a suposta campanha de Moscou nas eleições americanas.
O escritório do conselheiro especial dos Estados Unidos, Robert Mueller, acusou formalmente 13 russos e três empresas russas, incluindo a Internet Research Agency, sediada em São Petersburgo, conhecida por agir nas mídias sociais.
O documento revela que os acusados "tiveram um objetivo estratégico de semear discórdia no sistema político dos EUA, incluindo a eleição presidencial dos EUA de 2016".
A acusação aponta que os russos adotaram identidades falsas online para criar mensagens pró-Trump; viajaram para os Estados Unidos para coletar informações, visitando 10 Estados; e organizaram manifestações políticas como se fossem americanos.
Num caso, os russos pagaram para uma pessoa não-identificada construir uma gaiola a bordo de um caminhão e outra para vestir um traje "retratando Clinton em um uniforme de presa".
O indiciamento de 37 páginas pode mudar os rumos da polêmica discussão nos EUA sobre a intromissão da Rússia, tirando prestígio de alguns republicanos que, junto com Trump, vinham atacando a investigação de Mueller.
"Esses russos tomaram parte em um ataque sinistro e sistemático em nosso sistema político. Foi uma conspiração para subverter o processo e alvejar a própria democracia", disse Paul Ryan, líder republicano da Câmara dos Deputados.
A acusação não diz se a campanha Trump teve relações estreitas com o Kremlin, algo que Mueller ainda investiga.
Em tuíte na sexta-feira, Trump pela primeira vez admitiu que a Rússia se envolveu nas eleições, acusação que sempre negou.
"A Rússia iniciou sua campanha anti-EUA em 2014, muito antes de eu anunciar que seria candidato a presidente. Os resultados das eleições não foram afetados. A minha campanha não fez nada de errado - não houve conluio!", escreveu Trump.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, classificou as alegações como "absurdas" e ridicularizou a noção de que um número tão pequeno de cidadãos russos poderia prejudicar a democracia dos EUA.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, recusou-se neste sábado a comentar as acusações dos EUA.
É improvável que os acusados russos sejam presos ou compareçam a um tribunal dos EUA. O processo inclui acusações de conspiração, fraude financeira, bancária e falsidade ideológica.
O indiciamento vai ao encontro de uma avaliação da inteligência dos EUA em janeiro de 2017, que avaliou que a Rússia se intrometeu nas eleições e que seus objetivos eventualmente ajudaram Trump. Em novembro de 2016, Trump conquistou uma vitória surpreendente sobre a candidata do Partido Democrata, Hillary Clinton.