SÃO PAULO (Reuters) - O Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS) teve no ano passado rentabilidade negativa pela primeira vez desde a sua constituição, afetado por investimentos em empresas de infraestrutura como Sete Brasil, OAS e Odebrecht, levando o Ministério do Trabalho a sugerir mudanças na gestão.
O fundo criado em 2007, com o objetivo de proporcionar a valorização dos recursos do FGTS com aplicação em empreendimentos de infraestrutura, teve rentabilidade líquida negativa de 3,03 por cento no ano passado, desempenho afetado sobretudo pela redução do valor de ativos de empresas investidas, informou o Ministério do Trabalho nesta terça-feira.
O patrimônio líquido do FI-FGTS recuou para 30,9 bilhões de reais, ante 31,9 bilhões de reais no fim de 2014.
O relatório de desempenho, divulgado mais cedo neste ano, mostra que o patrimônio do fundo teve perdas relacionadas a investimentos em empresas como Odebrecht Transport (333 milhões de reais), do grupo Odebrecht, Cone (327 milhões de reais), que administra projetos de infraestrutura no Porto de Suape, OAS Óleo e Gás, do grupo OAS, que está em recuperação judicial.
O FI-FGTS também fez provisão para perdas no valor de 275 milhões de reais com um fundo de investimento em ações da Sete Brasil, afretadora de sondas para exploração de petróleo, que também pediu recuperação judicial neste ano, na esteira da grave crise enfrentada pela sua única cliente, a Petrobras (SA:PETR4).
O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, propôs a criação de um grupo de para analisar alterações nos critérios de governança do FI-FGTS.
"Aprovado hoje pelo Conselho o grupo vai sugerir, desde setores prioritários até o direcionamento dos recursos do Fundo de Investimento", diz o comunicado.
O relatório de gestão do fundo, administrado pela Caixa Econômica Federal, foi aprovado pelo Conselho Curador do FGTS e será enviado ao Tribunal de Contas da União (TCU).
O FI-FGTS recebe até 80 por cento por cento do patrimônio líquido do FGTS do ano anterior para uso dos recursos.
(Por Aluisio Alves)