A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) voltou hoje (17) a pedir o impeachment da presidenta da República, Dilma Rousseff. O presidente da entidade, Paulo Skaf, disse o governo “perdeu o controle”, e passou a trabalhar não mais para a nação, mas “para se sustentar no poder, em prejuízo das pessoas, do emprego, das empresas”. A sede da Fiesp, na avenida Paulista, tem sido o epicentro das manifestações na capital paulista pelo impeachment.
Questionado sobre quais seriam os crimes cometidos pela presidenta da República que motivam o pedido de impeachment pela entidade, Skaf disse que era pelo “conjunto dos fatos”. “Eu não vou entrar em detalhes porque nós não estamos em um julgamento. Mas pelo conjunto dos fatos, se você somar as circunstâncias que nós estamos, e o conjunto dos fatos ocorridos, e tudo isso que nós assistimos, certamente, por muito menos, por 1% disso, muitos governantes do mundo ou renunciam ou, alguns, até chegam a se suicidar”, disse Skaf.
“Eu não estou propondo isso, só estou dizendo que o que acontece no Brasil hoje, onde nós chegamos em relação a essa desordem completa, a esse descontrole completo não aconteceria em outros países”, acrescentou logo em seguida.
Paulo Skaf criticou ainda a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro da Chefe da Casa Civil, o que ele chamou de “quase golpe”. “Ontem tivemos quase um golpe, onde talvez a tentativa era se pôr a presidir o país alguém que não foi eleito para isso, ou se transformar o presidencialismo em parlamentarismo, sem consultar a população”, disse.
O presidente da Fiesp, no entanto, não quis comentar se considera ilegais os grampos telefônicos de conversas da presidenta com Lula – argumento usado pelo Palácio do Planalto. “Essa é uma análise para ser feita pela Suprema Corte, não por mim, nem por pessoas sem suficiente dados”, disse.
De acordo com Skaf, a estratégia da Fiesp para fortalecer o processo de impeachment será a de “conscientizar” parlamentares para a aprovação do impedimento da presidenta. “Todos aqui irão se concentrar em conscientizar os parlamentares de que a sociedade quer uma mudança, o impedimento da senhora presidente da República”, disse.
O presidente da Fiesp descartou, por ora, a realização de uma greve geral no país, e disse que não apoiaria ilegalidades como o não pagamento de impostos para apoiar o processo de impeachment. “Nós não vamos apoiar qualquer medida que seja ilegal. Nós estamos criticando a ilegalidade, se estamos criticando a ilegalidade, nós não podemos praticar ilegalidade, no sentido de pregarmos coisas contra a lei e que poderá expor empresas a terem graves problemas”.