RIO DE JANEIRO (Reuters) - O deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) afirmou nesta terça-feira que é alvo de uma "campanha difamatória" com o objetivo de afetar o governo do pai, o presidente Jair Bolsonaro, e que não pode ser responsabilizado por atos que disse desconhecer.
A nota do senador eleito foi divulgada após o jornal O Globo afirmar que Flávio Bolsonaro empregou em seu gabinete como deputado estadual no Rio de Janeiro a mãe e a mulher de um homem alvo de mandado de prisão por suspeita de integrar uma milícia.
"Continuo a ser vítima de uma campanha difamatória com objetivo de atingir o governo de Jair Bolsonaro", disse Flávio.
Segundo o jornal O Globo, Flávio Bolsonaro empregou em seu gabinete até o fim do ano passado a mãe e a mulher de Adriano Magalhães da Nóbrega, o "capitão Adriano", apontado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como um dos líderes de uma organização criminosa que atua como milícia na zona oeste do Rio de Janeiro.
Pesquisa no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro revela que as duas assessoras parlamentares do gabinete de Flávio Bolsonaro apontadas como a mãe e a mulher de Nóbrega foram exoneradas em novembro do ano passado.
"Quanto ao parentesco constatado da funcionária, que é mãe de um foragido, já condenado pela Justiça, reafirmo que é mais uma ilação irresponsável daqueles que pretendem me difamar", disse Flávio na nota.
O "capitão Adriano" teve mandado de prisão expedido pela Justiça, a pedido do MPRJ, no âmbito de operação deflagrada nesta terça-feira com apoio da Polícia Civil para prender no total 13 suspeitos de envolvimento em atividades criminosas.
Segundo o jornal O Globo, a mesma organização criminosa é suspeita do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) em março do ano passado.
A suspeita de ligação de ex-assessoras de Flávio Bolsonaro com a milícia se soma à abertura de investigação na esfera cível contra ele pela Justiça do Rio por suspeita de movimentação atípica detectada pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Segundo reportagens do Jornal Nacional, da TV Globo, o Coaf identificou 48 depósitos de 2 mil reais entre junho e julho de 2017 e um pagamento de pouco mais de 1 milhão de reais de um título bancário da Caixa Econômica Federal na conta de Flávio Bolsonaro, então deputado estadual.
Em resposta, o senador eleito afirmou em entrevistas no fim de semana que os depósitos e o pagamento foram referentes a compra e venda de um imóvel no Rio de Janeiro.
Além da movimentação na conta do próprio senador, o jornal O Globo destacou no fim de semana que o ex-assessor dele Fabrício Queiroz chegou a movimentar em sua conta, além de 1,2 milhão de reais já divulgados, outros 5,8 milhões de reais, totalizando 7 milhões de reais em três anos.
Também de acordo com o jornal, Queiroz é amigo do "capitão Adriano" e a mãe do suposto miliciano está entre as servidoras do gabinete de Flávio Bolsonaro que fizeram repasses para a conta de Queiroz.
Na nota desta terça-feira, Flávio Bolsonaro disse que Queiroz foi o responsável por indicar a funcionária que aparece no relatório do Coaf, e que o ex-assessor era o responsável por supervisionar o trabalho dela.
"Não posso ser responsabilizado por atos que desconheço, só agora revelados com informações desse órgão. Tenho sido enfático para que tudo seja apurado e os responsáveis sejam julgados na forma da lei", afirmou.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier e Pedro Fonseca)