BRASÍLIA (Reuters) - O Palácio do Planalto espera que a eleição para a presidência da Câmara dos Deputados não cause um racha na base aliada, mas reconhece ser difícil que haja apenas um candidato governista, disseram ministros nesta terça-feira.
"O governo trabalha com a ideia de ter um candidato único. Queremos a unidade da base, portanto na eleição não podemos ter divisão", disse a jornalistas o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.
"Se não for possível, pelo menos que logo que encerre a votação se tenha selada a unidade independentemente do resultado", acrescentou Padilha. "O governo não tem predileto e nem vedação a ninguém."
O ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, foi na mesma linha de Padilha sobre a eleição não deixar sequelas, mas já admitiu que a base terá mais de um candidato, embora espere que sejam menos do que o quadro de momento aponta, com 15 deputados interessados no cargo.
"A gente torce até o final para que haja uma redução no número de candidatos", disse Geddel. "Isso (a divisão da base) se supera. O problema seria se houvesse uma intervenção do governo, alguém poderia se queixar."
Pelo menos publicamente, o governo tenta se manter distante das negociações para evitar melindrar aliados.
Nesse momento, os nomes mais fortes são os de Rogério Rosso (PSD-DF), um dos nomes do chamado centrão, e Rodrigo Maia (DEM-RJ), que possivelmente será apoiado pelo PSDB.
O presidente interino Michel Temer tem recebido lideranças partidárias para tentar deixar claro que não haverá interferência do Planalto e que o governo não tem preferências.
O eleito irá comandar a Câmara até fevereiro de 2017, quando terminaria a presidência de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que renunciou ao cargo na semana passada em meio a uma série de denúncias, um processo de cassação e tendo seu mandato de deputado suspenso pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)