Por Marcela Ayres e Alonso Soto
BRASÍLIA (Reuters) - O governo poderá elevar o déficit primário previsto para 2018 em meio ao ritmo ainda lento da recuperação econômica, afirmou à Reuters uma fonte da equipe econômica com conhecimento sobre o assunto, ressaltando que o esforço já se concentra na busca por receitas extraordinárias sem aumentar mais impostos.
"Mantemos 79 bilhões (de reais de projeção), mas com viés de revisar (para pior)", afirmou a fonte, na noite passada, ressaltando que o movimento poderá representar uma estratégia "mais segura" diante do desempenho esperado para as receitas.
Ao definir a meta de déficit primário para este ano de 139 bilhões de reais para o governo central (governo federal, Banco Central e Previdência), o Executivo já havia apontado previsão de rombo de 79 bilhões de reais para o ano que vem. Analistas do mercado veem resultado muito pior, de 118,3 bilhões de reais, conforme relatório Prisma Fiscal.
O governo tem até 15 de abril para definir a meta de resultado primário no projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2018 que deverá enviar ao Congresso Nacional.
De acordo com a fonte, a ideia é que a meta de 2018 seja vista como factível. Também já há o reconhecimento de que será preciso buscar receitas extraordinárias para conseguir atingi-la. Impostos estão descartados no momento, de modo que a equipe econômica se debruça primeiro sobre possíveis recursos com concessões e vendas de ativos.
Uma segunda fonte ouvida pela Reuters afirmou que é possível que a meta de 2018 seja ainda pior, mas que ainda era cedo para afirmar que a decisão estava tomada.
Na semana passada, o governo anunciou generoso corte de 42,1 bilhões de reais no Orçamento e o fim da desoneração da folha para cerca de 50 setores para conseguir entregar a meta fiscal deste ano e cobrir rombo adicional de 58,2 bilhões de reais.
Segundo a primeira fonte ouvida pela Reuters, o governo conta com arrecadação de mais de 10 bilhões de reais com o programa de regularização de ativos no exterior, a chamada repatriação, para conseguir fechar as contas dentro do prometido. Também espera levantar cerca de 7 bilhões de reais com precatórios não sacados.
META DE INFLAÇÃO
Em relação à meta de inflação para 2019, que será definida em reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) em junho, há convergência de posições à uma redução moderada, segundo a fonte, que avaliou que o centro da meta em 4,25 por cento seria "razoável".
O objetivo seria sinalizar ao mercado compromisso com o controle do avanço de preços na economia.
Neste ano e no próximo, a meta de inflação medida pelo IPCA é de 4,5 por cento, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
(Edição de Patrícia Duarte)