RIO DE JANEIRO (Reuters) - Uma análise preliminar dos dados recuperados do gravador de áudio do avião que caiu no mar de Paraty matando o ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki aponta que não houve anormalidade nos sistemas da aeronave antes do acidente da semana passada, afirmou nesta terça-feira o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
"O chip de memória do gravador de voz da cabine do avião está sendo avaliado por uma equipe do laboratório de leitura e análise de dados de gravadores de voo (Labdata) do Cenipa. Em uma análise preliminar, os dados extraídos não apontam qualquer anormalidade nos sistemas da aeronave", disse a Força Aérea Brasileira (FAB) em comunicado.
De acordo com o coronel Marcelo Moreno, chefe da divisão de operações do Cenipa, o equipamento conhecido como caixa-preta gravou os últimos 30 minutos de áudio do voo, incluindo sons importantes para a investigação do acidente além das vozes.
"Nós analisamos sons diferentes, em que possamos identificar, hipoteticamente falando, o ruído de um trem de pouso sendo baixado, a aplicação de algum grau de flap ou outro equipamento aerodinâmico da aeronave", afirmou o coronel no comunicado.
O gravador de áudio foi encontrado por mergulhadores da Marinha na tarde de sexta-feira, um dia após a queda do avião PR-SOM que levava o ministro do STF Teori Zavascki e mais quatro pessoas. O Cenipa conseguiu extrair com sucesso os dados da caixa-preta apesar de o aparelho ter sido danificado pela água salgada do mar.
De acordo com o jornal Folha de S.Paulo desta terça-feira, os registros de áudio da cabine do avião teriam captado conversas do piloto da aeronave com outros pilotos que voavam pela região, nas quais ele disse que esperaria a chuva diminuir antes de pousar. Pouco depois a gravação teria sido interrompida, de acordo com análises preliminares.
Segundo o jornal, o áudio não explica exatamente o que aconteceu, e a investigação depende também de outros fatores para esclarecer o motivo da queda.
Além da recuperação da caixa-preta, uma empresa contratada pelo Grupo Emiliano, proprietário do avião, já retirou os destroços da aeronave do mar de Paraty. O material seria levado ao Rio de Janeiro para ser periciado e analisado na base aérea do Galeão.
Na segunda-feira a Justiça Federal do Rio de Janeiro informou que foi decretado sigilo nas investigações sobre a queda do avião. [nL1N1FD1YF]
Havia expectativa de que em fevereiro Teori, relator da operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, decidisse sobre a homologação dos acordos de delação premiada com 77 executivos da Odebrecht, com potencial de impactar o meio político.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)