BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta terça-feira que para ocorrer o impedimento da presidente Dilma Rousseff tem que haver a caracterização do crime de responsabilidade do qual ela é acusada.
O senador, que se reuniu com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta terça, aproveitou para defender que os Poderes não extrapolem suas funções, interferindo nos demais, e chamou o PMDB à sua “responsabilidade institucional” para que avalie as consequências de um eventual desembarque do governo.
“Eu acho que o impeachment, em circunstância normal, é uma coisa normal. Mas é bom que as pessoas saibam e a Democracia exige que façamos essa advertência, que para haver impeachment tem que haver a caracterização do crime de responsabilidade da presidente da República”, disse Renan a jornalistas.
“Quando o impeachment acontece sem essa caracterização, o nome sinceramente não é impeachment, é outro”, afirmou.
Além do encontro com Lula, Renan reuniu-se com o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), e com o senador José Agripino (DEM-RN), presidente do DEM.
Segundo o presidente do Congresso, os encontros serviram para tratar das conjunturas política e econômica.
Questionado sobre a próxima reunião do Diretório Nacional do PMDB, no dia 29, em que pode ser analisado o desembarque do governo, Renan ponderou que não “substitui a direção do PMDB”.
“Mas eu acho que o PMDB mais do que nunca tem que demonstrar a sua responsabilidade institucional. Se o PMDB sair do governo, e digo isso com autoridade de quem não participa do governo, se o PMDB sair do governo e isso significar o agravamento da crise, é uma responsabilidade indevida que o PMDB deverá assumir”, disse.
Maior partido da base governista, o PMDB tornou-se um aliado imprescindível ao Planalto, uma vez que já correm na Câmara as fases preliminares de um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
Mais arredio na Câmara, o partido vinha sinalizando uma mudança de postura no Senado, assumindo um comportamento mais distanciado do governo no Senado.
As informações de que o vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB, Michel Temer, já teria iniciado negociações para um governo de transição no caso do impedimento de Dilma, incomodaram o Planalto, que mesmo assim ainda acredita ser possível conquistar Temer e o partido.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)