Money Times - Todos os anos eleitorais são sabidamente conhecidos por solavancos do mercado, que trazem para o cardápio do investidor ingredientes como volatilidade e risco. 2018, contudo, pinta um cenário ainda pior. Isso não acontece apenas porque os “candidatos do mercado” estão mal posicionados nas pesquisas, mas pela gigantesca massa de brasileiros que simplesmente não sabe em quem votar.
A pesquisa CNI/Ibope mais recente revela um elevado percentual da população com intenção de votar em branco ou nulo. No caso da escolha espontânea, 31% revelam que votariam em branco ou nulo. Nos cenários com lista, o percentual é 33% no cenário 1 (com Fernando Haddad como o candidato do PT) e 22% no cenário 2 (com Lula entre as opções).
“Por exemplo, neste momento ainda não está claro quem será o candidato do PT se o ex-presidente Lula não puder concorrer às eleições – os candidatos mais prováveis seriam o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, ou o ex-governador da Bahia, Jaques Wagner. A outra incerteza refere-se ao fato de o MDB – o partido político do presidente Michel Temer – ter seu próprio candidato ou apoiar um candidato de outro partido”, aponta o Credit Suisse em uma análise feita por Leonardo Fonseca e Lucas Vilela.
Indefinição
Um estudo do Itaú Unibanco (SA:ITUB4) pontua que a definição de para onde vão os votos brancos/nulos e indecisos tende a ser uma variável-chave para o resultado da eleição. Segundo os cálculos do banco, a eleição de 2018, até este momento, é a mais indefinida já observada desde o fim do regime militar.
“Fica evidente que no presente momento a quantidade de votos “em aberto” (votos em branco, nulos e indecisos) é a principal fonte de indefinição, repetindo o padrão de 1989, 1994 e 2014. Nos outros anos, o que dominou foi a dispersão entre os principais concorrentes, ainda que de formas diferentes a cada momento do tempo”, dizem Fernando M. Gonçalves e Pedro Renault. Eles citam, por exemplo, em 2006 e 2010 grande parte da indefinição vinha da disputa pelo primeiro lugar (Lula vs. Geraldo Alckmin e Dilma Rousseff vs. José Serra, respectivamente).
O Credit Suisse lembra que o grande número de candidatos e a consolidação de uma base de eleitores leais para Jair Bolsonaro sugerem que os candidatos de centro-direita precisarão obter o máximo de apoio possível dos partidos para aumentar sua parcela de tempo de publicidade eleitoral financiado pelo governo na TV e garantir um forte apoio no nível municipal.
Campanha
Uma avaliação recente do BTG Pactual (SA:BPAC11) destaca que as coalizões têm o potencial de impulsionar o tempo livre de campanha de TV/rádio dos candidatos, fundos para a campanha e apoio político em todo o país. “Dado que a maioria dos partidos no Brasil é de centro-direita ou de centro-esquerda, eles podem facilmente optar por coalizões em ambos os lados do espectro político, dificultando a antecipação de qual caminho seguir”, pontuam Sequeira e Teixeira. A campanha começa no dia 31 de agosto e acaba nem 4 de outubro. A disputa ocorrerá no dia 7 de outubro, em primeiro turno, e no dia 28 de outubro, nos casos de segundo turno.
Para o BTG, existe uma coalizão potencial envolvendo o PSDB, o PMDB e o DEM, que estiveram juntos no passado e compartilham opiniões semelhantes sobre o país. Desses três, argumenta o banco, talvez apenas o PSDB (com Geraldo Alckmin) tenha um candidato com chance de ganhar. “Uma coalizão desses três partidos imediatamente tornaria Alckmin um candidato muito mais competitivo. Ele teria 143 assentos na Câmara dos Deputados (mais de 25% do total), 25,4% do tempo de TV, 28,3% dos fundos de campanha públicos e 11 estados sob a regra desses três partidos”, ressalta a análise.
A entrada do PP, PSD e PR poderia gerar uma mega coalizão com 270 assentos na Câmara, 45,2% do tempo de TV, 48,1% dos fundos de campanha e 14 estados sob o controle desses partidos.
Por Money Times