Por Giuseppe Fonte
ROMA (Reuters) - A Itália procurou uma saída de última hora para quase três meses de impasse político nesta quarta-feira, quando seu maior partido fez mais uma tentativa para formar um governo de coalizão com a Liga, de extrema-direita.
Os dois partidos anti-establishment, Movimento 5 Estrelas e Liga, desistiram dos planos de dividir o poder no final de semana depois que o presidente italiano rejeitou o gabinete que propuseram.
O veto do presidente Sergio Mattarella ao eurocético Paolo Savona, de 81 anos, como ministro da Economia pareceu recolocar o país no rumo de uma repetição das eleições e desencadeou um ataque especulativo dramático contra os mercados financeiros da Itália.
Agora os partidos estão tentando encontrar "um ponto de conciliação sobre um novo nome" para o Ministério da Economia, disse uma fonte próxima do 5 Estrelas, a maior sigla do novo Parlamento.
A sensação de que uma resolução do impasse pode estar ao alcance veio do primeiro-ministro designado, Carlo Cottarelli, que foi encarregado pelo chefe de Estado nesta semana de acalmar o clima caótico e planejar a reprise das eleições para depois do verão local.
"Novas possibilidades para o nascimento de um governo político emergiram", disse Cottarelli, segundo a agência de notícias Ansa, dando a entender que um governo liderado por políticos, e não tecnocratas como ele, pode ser iminente.
"Estas circunstâncias, também levando em conta as tensões do mercado, me fizeram acreditar em novos acontecimentos."
Mas o líder da Liga, Matteo Salvini, que está crescendo nas pesquisas de opinião, pareceu atirar água fria na ideia de que seu partido e o 5 Estrelas poderiam tentar assumir o poder novamente, dizendo que a Itália deveria voltar às urnas o mais cedo possível.
"Quanto antes a votação, melhor, porque é a melhor maneira de sair deste atoleiro e confusão", disse Salvini aos repórteres.
Por outro lado, ele pareceu aberto a um governo interino que atue durante alguns meses, dizendo que uma eleição no final de julho "perturbaria" os trabalhadores sazonais do país.
Ele convidou Mattarella a dar o primeiro passo, a "nos explicar como podemos sair desta situação". Uma fonte da Liga disse que a sigla não impedirá nenhuma solução política rápida que permita à Itália lidar com possíveis "emergências".
No momento Cottarelli não tem grande maioria parlamentar para apoiar um governo provisório de tecnocratas.
Um avanço inesperado entre o presidente, o 5 Estrelas e a Liga diminuiria a incerteza, mas ainda assim abriria caminho para uma coalizão que planeja aumentar os gastos da nação altamente endividada e pressionar por mudanças na União Europeia e nas regras fiscais da zona do euro.
(Reportagem adicional de Steve Scherer, Gavin Jones, Giselda Vagnoni, Steve Jewkes, Dhara Ranasinghe, Helen Reid, Sujata Rao, Marc Jones, Michael Nienaber e Antonio Denti)