Por Alexandra Valencia
QUITO (Reuters) - Uma juíza equatoriana ordenou nesta terça-feira que o ex-presidente Rafael Correa seja preso por violar a ordem de um juiz de se apresentar aos tribunais do Equador a cada duas semanas como parte de uma investigação sobre o sequestro de um parlamentar da oposição.
Correa se apresentou em um consulado equatoriano na Bélgica, onde mora. O advogado de Correa disse que vai recorrer da decisão do juiz.
Em 2012, o ex-parlamentar da oposição Fernando Balda foi brevemente sequestrado na vizinha Colômbia, para onde fugiu após ser condenado a dois anos de prisão por difamação contra Correa.
Balda acusou Correa de ter orquestrado o sequestro, que a polícia colombiana interrompeu depois de algumas horas.
Correa, que governou o país andino por uma década, sempre disse que não teve nada a ver com o incidente e acusou seu sucessor, Lenin Moreno, de tentar manchar seu governo para obter ganhos políticos.
Em junho, o Ministério Público solicitou que Correa fosse vinculado ao processo como "autor" do incidente.
A juíza Daniella Camacho aceitou o pedido e ordenou que Correa, que mora na Bélgica, de onde é sua esposa, se apresente aos tribunais equatorianos a cada duas semanas.
Em vez disso, na segunda-feira, Correa se apresentou ao consulado equatoriano na Bélgica, o que a juíza definiu nesta terça-feira como violação de suas ordens.
"Um pedido será submetido à Interpol para sua captura, com o objetivo de extraditá-lo", disse no Twitter a promotoria equatoriana.
O advogado de Correa, Caupolican Ochoa, disse que a decisão foi resultado de pressões políticas de Moreno, que já foi um aliado de Correa.
"Essa decisão é arbitrária, é uma mentira, é difamatória. Não acredito que eles estejam buscando justiça, mas sim vingança", disse Ochoa a jornalistas ao final da audiência.
Logo após a decisão, Correa tuitou que qualquer tentativa de prendê-lo fracassará. "Eu estou bem. Não se preocupem", disse Correa no Twitter. "Eles procurarão nos humilhar e nos fazer sofrer um momento difícil, mas uma monstruosidade como essa NUNCA prosperará em um país como a Bélgica."