Por Roberta Rampton e Mitra Taj
WASHINGTON/LIMA (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que já criticou países latino-americanos por causa da imigração, dos narcóticos e do comércio, segue para a região nesta semana para participar de uma cúpula que, segundo diplomatas, deve ser constrangedora e tensa.
Trump chegará a Lima, capital do Peru, na sexta-feira para a Cúpula das Américas visando estimular os laços comerciais e pedir a aliados que endureçam com a Venezuela, segundo autoridades dos EUA que conversaram com os repórteres sobre a viagem.
Mas a retórica hostil do presidente e as relações desgastadas com líderes como o presidente do México, Enrique Peña Nieto, tornam improvável que ele obtenha grandes avanços nestas metas, dizem especialistas.
"Ele chega à região profundamente impopular, e isso obviamente complica a capacidade dos líderes de trabalhar com ele", disse Mark Feierstein, que tratou de temas do hemisfério para a Casa Branca do ex-presidente Barack Obama e hoje é conselheiro do Albright Stonebridge Group.
A visita está provocando saudades de Obama, o antecessor do presidente republicano, disse um diplomata peruano, que no entanto acrescentou: "Ninguém perde o sono com Trump. Todos nós sabemos sorrir e acenar, então não estamos muito preocupados".
Trump já se queixou da perda de empregos norte-americanos para o México, ameaçou acabar com o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês) com o México e o Canadá e lançou sua campanha presidencial com um discurso no qual descreveu imigrantes mexicanos como "estupradores" e traficantes de droga.
Trump também atacou a imigração proveniente de Nicarágua, Honduras, El Salvador e outros países latino-americanos e ameaçou interromper o envio de ajuda à Colômbia e ao Peru por causa do tráfico de drogas.
Na iminência da viagem, que inclui uma parada na Colômbia após a cúpula, Trump intensificou a retórica contra a imigração ilegal com o plano de enviar soldados da Guarda Nacional para a fronteira com o México.
Depois do primeiro ano de Trump no cargo, só 16 por cento de entrevistados em pesquisas feitas na América Latina aprovaram seu desempenho, de acordo com o Gallup.
Uma fonte do governo do Brasil disse à Reuters, sob condição de anonimato, que uma agenda positiva de Washington "é muito necessária se o governo Trump quiser manter relações produtivas com a região".
(Reportagem adicional de Anthony Boadle em Brasília, Julia Cobb em Bogotá e Caroline Stauffer em Buenos Aires)