BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quarta-feira que os pedidos de abertura de inquérito entregues pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao STF contra políticos não vai afetar o andamento dos trabalhos na Casa e que o calendário de tramitação da reforma da Previdência "continua o mesmo".
"A lista do Janot não atrapalha", disse Maia a jornalistas, quando perguntado se haveria impacto sobre os trabalhos na Câmara.
Questionado sobre notícias de que o governo estaria prevendo agora a votação da reforma pelo plenário da Câmara apenas em maio, Maia rejeitou essa possibilidade.
"Para mim não mudou. Eu acho que é ruim mudar, a gente precisa trabalhar", disse.
Maia aproveitou também para dizer que sua inclusão na chamada lista de Janot vai permitir que os fatos sejam esclarecidos.
"Já tinha vazado parte onde eu era citado, então para mim um inquérito é muito importante porque vai me dar as condições para que eu esclareça os fatos, provando que não há nada contra mim, contra a minha conduta e contra a minha história", disse. "E o inquérito vai ser arquivado."
Em dezembro, vazamento da delação do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho publicado na mídia trazia que teria havido pagamentos de pelo menos 600 mil reais a Maia, sendo que parte disso pelo apoio do deputado a uma medida provisória de interesse da empresa.
Na terça-feira, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encaminhou 83 pedidos de abertura de inquérito contra políticos com prerrogativa de foro no STF, com base nos acordos de delação premiada de 77 executivos da Odebrecht com a operação Lava Jato. Segundo reportagens publicadas após o envio da lista, Maia é um dos alvos dos pedidos de Janot.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)