BRASÍLIA (Reuters) - Os cerca de 40 manifestantes que invadiram a Câmara dos Deputados e ocuparam o plenário por algumas horas na tarde desta quarta-feira, forçando a suspensão dos trabalhos, foram conduzidos até a Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal e um inquérito será instaurado para apurar o ocorrido, informou a Polícia Federal.
Os manifestantes só deixaram o local depois que o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que todos os invasores seriam presos e indiciados por quebra do patrimônio público.
O grupo, que disse não ter liderança e que cobrava a presença de um general, tem várias reivindicações, entre elas a intervenção militar no Brasil.
Após furar os bloqueios da polícia legislativa e quebrar uma das portas da Câmara, os manifestantes alcançaram a mesa diretora da Câmara por volta das 15h30. Devido à invasão, uma sessão conjunta do Congresso Nacional convocada para as 17h foi cancelada.
O presidente Michel Temer considerou a invasão "uma afronta à instituição que representa a soberania popular e um desrespeito às normas de convívio democrático", afirmou o porta-voz da Presidência, Alexandre Parola.
"Episódios como o de hoje são inaceitáveis e serão combatidos, à luz da Lei, e em defesa da garantia de integridade da cada uma das instituições do Estado", acrescentou.
A invasão ocorreu no momento em que deputados discursavam no plenário enquanto aguardavam quórum para o início de uma sessão extraordinária da Câmara. Imagens da TV Câmara mostraram manifestantes entrando em confronto com seguranças dentro da Câmara, e também ocupando o local destinado aos parlamentares.
A sessão da Câmara foi retomada por volta das 18h30, depois que todos os invasores deixaram o local. Segundo o presidente da Câmara, "todos aqueles que cometerem crimes aqui hoje foram presos".
"Não vamos aceitar esse tipo de abuso, de agressão, ao Parlamento brasileiro. Não há negociação, não haverá negociação, há que se cumprir a lei. A polícia legislativa vai prender todos", afirmou Maia a repórteres antes da desocupação do plenário.
O primeiro-secretário da Câmara, deputado Beto Mansur (PRB-SP), confirmou que o movimento tinha diversas demandas.
“Eles querem tudo: o fim do desemprego; a saída do Temer; a restauração do Regime Militar; uma série de coisas que, na democracia, é impossível”, afirmou o parlamentar, segundo a Agência Câmara Notícias.
De acordo com o deputado Betinho Gomes (PSDB-PE), que estava no plenário da Casa no momento da invasão, houve agressões dos invasores a assessores de partidos, segundo a agência. "É preocupante e serve de alerta. Estamos voltando à era dos extremos”, disse.
O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) declarou em vídeo publicado no Twitter que os parlamentares estavam tranquilos apesar do protesto, e que estava disposto a conversar com o grupo de invasores. "Ao que parece nem todos pedem intervenção militar", afirmou.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro; Reportagem adicional de Lisandra Paraguassu, em Brasília)