BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse nesta terça-feira que vai se filiar ao MDB e reafirmou que decidirá apenas na semana que vem se vai disputar as eleições deste ano.
"Tomei a decisão de me filiar ao MDB. É nosso desafio aprofundar as mudanças que tiraram o Brasil da pior crise de nossa história", disse Meirelles no Twitter. "Na próxima semana tomarei a decisão se irei ou não me candidatar nas eleições de outubro."
Mais cedo, também por meio do Twitter, o próprio MDB havia anunciado a filiação do ministro ao partido no próximo dia 3.
"Confirmado!!! O presidente Michel Temer e Romero Jucá assinarão a filiação do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles ao MDB na terça, dia 3, na sede do partido", informou a legenda em seu perfil na rede social. Líder do governo no Senado, Jucá é presidente nacional do MDB.
Mais cedo nesta terça, Meirelles havia dito que espera decidir se deixará o ministério para concorrer nas eleições deste ano até o próximo dia 3, repetindo que analisará uma série de dados e contexto político para tomar uma posição.
Na véspera, o governo bateu cabeça sobre o futuro político de Meirelles. Depois de iniciar o dia com ministros e Temer confirmando que o ministro iria se filiar ao MDB e deixar a Fazenda nos próximos dias, o Palácio do Planalto mudou o discurso e o próprio presidente voltou atrás, confirmando apenas que existiam "conversas" sobre o assunto.
AVALIAÇÃO
Meirelles tem dito há meses que estuda a possibilidade de disputar a Presidência da República na eleição de outubro e vinha negociando a filiação ao MDB desde que ficou claro que seu partido, o PSD, lhe negaria a legenda para ser candidato ao Palácio do Planalto.
O ministro da Fazenda ainda não havia tomado a decisão de se filiar ao MDB por não ter a garantia de que poderia ser o candidato do partido à Presidência.
Essa garantia ele continua sem ter, uma vez que Temer já deixou claro que poderá ser ele mesmo o candidato emedebista. Mas os dois já teriam discutido a possibilidade de Meirelles compor uma chapa com o presidente.
Ao decidir pelo MDB, Meirelles volta ao partido ao qual se filiou no final do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, quando presidia o Banco Central.
Em 2002, Meirelles havia sido eleito deputado federal em Goiás pelo PSDB, mas deixou o partido para fazer parte do governo petista, seduzido pelo desafio de assumir o BC num momento em que os mercados financeiros reagiam muito mal ao fato de Lula ter vencido as eleições. Em 2009, de olho nas eleições do ano seguinte, se filiou ao então PMDB.
O ministro da Fazenda passou muitos anos no mundo corporativo, entrando na década de 1970 no BankBoston, onde construiu uma carreira bem-sucedida nos Estados Unidos. Só no início dos anos 2000 decidiu entrar na vida política de fato.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello e Lisandra Paraguassu)