BRASÍLIA (Reuters) - O ministro Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi o terceiro magistrado da corte a votar pela absolvição da chapa Dilma-Temer, que venceu a eleição presidencial de 2014, e alegou que os depoimentos de delatores ligados à Petrobras (SA:PETR4) não mencionaram recursos para a campanha daquele ano.
Vieira, que foi um dos quatro ministros a decidir pela exclusão dos depoimentos de delatores da Odebrecht do processo movido pelo PSDB e que pede a cassação da chapa, reconheceu que um esquema de corrupção na estatal abasteceu partidos políticos, mas disse não ver provas de que esses recursos tenham abastecido a campanha que elegeu Dilma Rousseff presidente e Michel Temer vice.
"Os depoimentos dos ex-dirigentes da estatal --Nestor Cerveró, Paulo Roberto Costa, Pedro Barusco--, a meu juízo, nada dizem sobre eventual financiamento eleitoral relativo ao pleito de 2014", disse o ministro durante o julgamento que pode tirar Temer do mandato.
Quatro dos sete ministros já sinalizaram pela absolvição da chapa Dilma-Temer.
"Malgrado tenha sido ouvido número expressivo de testemunhas na chamada primeira fase da instrução --contabilizando mais de 40 depoimentos-- não houve qualquer confirmação categórica acerca da utilização de propina de contratos de empreiteiras vinculadas à Petrobras para abastecer a campanha de 2014."
O ministro também argumentou, sobre a possibilidade de recursos de propina terem sido pagos na forma de doação oficial de campanha, que não caberia às legendas questionar a origem dos recursos. Ele comparou o que acontece com advogados, que não indagam de seus clientes a origem dos recursos que pagam seus honorários.
Vieira foi indicado por Temer para ocupar uma cadeira no TSE em abril, Além dele, os ministros Napoleão Nunes Maia e Admar Gonzaga votaram pela absolvição da chapa. Por ora, somente o relator do caso, ministro Herman Benjamin, votou pela cassação da chapa.
(Por Eduardo Simões em São Paulo e Ricardo Brito em Brasília)