Por Jesús Aguado e Ingrid Melander
MADRI (Reuters) - Nacionalistas recuperaram o controle do governo da Catalunha neste sábado e imediatamente se comprometeram a buscar a independência da rica região, impondo um desafio ao novo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, que assumiu o cargo no mesmo dia.
O novo gabinete catalão foi empossado após meses de tensão com o governo central, encerrando o mandato direto de sete meses de Madri na região, imposto pelo predecessor de Sánchez após os separatistas terem declarado independência.
Sánchez, um socialista que afirmou querer conversar com a Catalunha, mas que se opõe a qualquer referendo sobre a independência, foi empossado mais cedo no sábado, um dia após o Parlamento destituir o conservador Mariano Rajoy por um escândalo de corrupção.
A inesperada coincidência da tomada do poder pelos governos central e regional por minutos de diferença pode abrir um novo capítulo após meses dramáticos que viram políticos catalães presos ou fugirem para o exterior para evitar a prisão.
Ambos os lados disseram querer negociar. Porém, os dois têm alvos muito diferentes: os socialistas de Sánchez apoiaram a política de Rajoy, se opondo à independência.
"Esse governo está comprometido em avançar em direção a um Estado independente em forma de uma República", disse o novo líder da Catalunha, Quim Torra, ao tomar posse em uma cerimônia na qual os separatistas gritavam "Liberdade! Liberdade!".
Ele convidou Sánchez, um deputado que nunca participou do governo, para se encontrarem e conversarem sobre o futuro da Catalunha.
"Vamos conversar, vamos lidar com essa questão, vamos tomar riscos, você e nós. Precisamos sentar em volta da mesma mesa e negociar, governo com governo", disse ele.
Sánchez, que garantiu o apoio de uma aliança improvável de socialistas, extrema-esquerda e nacionalistas catalães e bascos para derrubar Rajoy, tem a menor maioria parlamentar desde o nascimento da democracia espanhola em 1975.
Seu Partido Socialista possui apenas 84 assentos no Parlamento de 350 membros, o que pode dificultar quaisquer medidas mais ousadas nas frentes econômica e política - incluindo sobre a Catalunha.
Ele já afirmou que se ateria ao orçamento de 2018 elaborado pelos conservadores de Rajoy.
Rajoy impôs um mandato direto de Madri sobre a Catalunha após os nacionalistas organizarem um referendo sobre a independência, considerado ilegal pela corte espanhola. Rajoy então organizou eleições na Catalunha em dezembro, na esperança de que opositores à independência vencessem, mas o tiro saiu pela culatra quando os eleitores deram maioria aos separatistas.
(Reportagem adicional de Carlos Ruano)