BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, afirmou nesta terça-feira que não vê necessidade de injeção de capital na Petrobras (SA:PETR4), avaliando que essa seria uma "medida extrema" e que a situação está "longe disso".
Questionado em teleconferência com a imprensa internacional sobre uma eventual ajuda do governo à estatal, Barbosa afirmou que a reestruturação da companhia ainda está em andamento, mas que a petroleira conseguirá lidar com seus negócios.
A respeito de eventual mudança na meta de superávit primário de 2016 que foi aprovada pelo Congresso, de 0,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), o ministro afirmou que não há no momento discussão sobre adoção de banda para o alvo de economia para pagamento de juros da dívida pública.
Quando ainda comandava o Planejamento, Barbosa defendeu a possibilidade de abatimentos à meta que, na prática, poderiam reduzir o esforço fiscal a zero. A proposta de deduções foi endossada pelo Planalto, mas não ganhou o aval do Legislativo.
A posição do ministro em direção a um maior relaxamento no esforço de reequilíbrio das contas públicas foi, inclusive, um dos fatores que alimentaram a desconfiança do mercado com sua nomeação para a Fazenda no lugar de Joaquim Levy.
PEDALADAS
Barbosa afirmou também nesta terça-feira que a forma de pagamento das chamadas pedaladas fiscais --atrasos no repasse da União a bancos públicos para cobrir subvenções e subsídios-- ainda está sendo estudada, e que uma decisão sairá na próxima semana.
"Planejamos pagar o máximo que pudermos", disse a respeito das dívidas que somam 57 bilhões de reais.
O ministro afirmou que não há decisão se o Tesouro fará emissões para financiar essa quitação ou se serão utilizados recursos da Conta Única do Tesouro Nacional, que é mantida no Banco Central, e que contava com 812 bilhões de reais no fim de novembro.
Seja qual for a opção, ela não terá impacto sobre os mercados monetários, acrescentou o ministro.
Mais cedo, o Tesouro indicou que deve utilizar o colchão de liquidez existente para pagar as pedaladas, ao invés de fazer novas emissões. Por esse caminho, a dívida pública federal não seria afetada com o pagamento das pedaladas.
(Por Marcela Ayres, com reportagem de Alonso Soto)