Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - Osmar Serraglio decidiu rejeitar a proposta feita pelo presidente Michel Temer para transferi-lo do Ministério da Justiça para a pasta da Transparência, afirmou nesta terça-feira uma fonte do PMDB.
A decisão foi comunicada, conforme a fonte, por Serraglio ao líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (SA:RSID3) (SP). Segundo a assessoria de imprensa de Serraglio, ele está no momento redigindo uma nota oficial sobre a decisão para ser divulgada em breve. A assessoria, contudo, não quis adiantar o teor.
A fonte, que pediu anonimato, afirmou ainda que conversou com Serraglio, que teria ficado irritado com o tratamento que recebeu na troca do comando da Justiça.
Temer decidiu deslocar o atual ministro da Transparência e seu amigo, Torquato Jardim, para a Justiça, de forma a reforçar a interlocução do presidente com os tribunais superiores.
Aliados de Serraglio dizem que ele ainda deve conversar com Temer nesta terça-feira para comunicar-lhe a decisão tomada.
Torquato Jardim é ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), corte que na próxima semana julgará se a chapa Dilma-Temer. Nesse julgamento, Temer poderá ter o mandato cassado.
A decisão representa um revés para os planos de Temer, uma vez que Serraglio deve reassumir sua cadeira de deputado federal e, consequentemente, Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) perderá o assento na Câmara.
Dessa forma, Rocha Loures, que teve o mandato suspenso por decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), perderá direito a foro privilegiado e poderá responder às investigações que é alvo na primeira instância.
Em uma ação controlada com autorização do STF, Rocha Loures foi flagrado recebendo uma mala com 500 mil reais de propina da JBS (SA:JBSS3). O empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, disse em delação premiada que Rocha Loures foi indicado por Temer para tratar de negócios referentes ao presidente. Contudo, o presidente nega.