(Reuters) - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse em pedido de investigação ao Supremo Tribunal Federal (STF) que a "organização criminosa" que atuou na Petrobras (SA:PETR4) PETR4.SA "jamais poderia ter funcionado por tantos anos e de uma forma tão ampla e agressiva no âmbito do governo federal sem que o ex-presidente Lula dela participasse".
Ao pedir a inclusão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros, ex-ministros, parlamentares e executivos em inquérito da Lava Jato no STF, Janot mostrou que sua afirmação sobre a participaçao do petista se baseia em "diversos relatos dos colaboradores e os próprios diálogos interceptados", segundo trecho do documento da PGR publicado no site do Estadão.
Para Janot, os diálogos, interceptados com autorização judicial "não deixam dúvidas de que, embora afastado formalmente do governo, o ex-presidente Lula mantém o controle das decisões mais relevantes, inclusive no que concerne às articulações espúrias para influenciar o andamento da operação Lava Jato, a sua nomeação ao primeiro escalão, à articulação do PT com o PMDB".
O ex-presidente foi nomeado ministro da Casa Civil pela presidente Dilma Rousseff, mas nunca assumiu devido a ações na Justiça contra sua indicação.
Janot deixa claro o papel dos delatores em sua decisão, assim como os grampos da fase da Lava Jato chamada de Aletheia, deflagrada quando Lula foi depor por meio de condução coercitiva.
Nota do Instituto Lula afirma que "a peça apresentada pelo procurador-geral da República indica apenas suposições e hipóteses sem qualquer valor de prova".
"Trata-se de uma antecipação de juízo, ofensiva e inaceitável, com base unicamente na palavra de um criminoso", afirma ainda a nota. "O ex-presidente Lula não participou nem direta nem indiretamente de qualquer dos fatos investigados na operação Lava Jato."
Entre os políticos que Janot pede para serem incluídos nas investigações estão os ministros Jaques Wagner (chefe de gabinete da Presidência), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), Edinho Silva (Secretaria de Comunicação Social), os ex-ministros Antonio Palocci, Erenice Guerra e Henrique Eduardo Alves, segundo a assessoria do STF.
Outros nomes citados por Janot em sua petição estão o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e os senadores Jader Barbalho (PMDB-PA) e Delcídio do Amaral (sem partido-MS).
Também aparecem na lista de pedidos de investigação o pecuarista José Carlos Bumlai, o ex-presidente da Petrobras PETR4.SA José Sérgio Gabrielli e o banqueiro André Esteves, que esteve preso recentemente por suspeira de obstruir investigações da Lava Jato.
O ministro Berzoini disse, por meio de sua assessoria, que não vai se pronunciar. Já a assessoria de Wagner disse em comunicado que, "sem conhecer o conteúdo e as razões que levaram à inclusão do seu nome nas investigações" não tem como comentar o assunto, mas se colocou à disposição das autoridades.
A inclusão dos novos nomes precisa ser autorizada pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF.
(Por Maria Carolina Marcello, com reportagem adicional de Lisandra Paraguassu)