BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu nesta segunda-feira que a reforma da Previdência não precisa ser completamente votada este ano, desde que a Proposta de Emenda a Constituição que cria um teto para as despesas federais seja aprovada e dê um sinal de que o governo está organizando suas contas.
"Não há necessidade de tê-la (a reforma) totalmente aprovada este ano. Se você tiver a PEC do teto este ano, aprovando a Previdência no primeiro semestre de 2017 acho que é um prazo razoável, que a sociedade aceita, que os atores econômicos aceitam, e dá uma sequência de votações que vão garantir que no final de 2018 o governo tenha organizado as contas e sem aumento de impostos", disse Maia ao sair de uma palestra na Associação Comercial de São Paulo.
A previsão do presidente da Câmara é que a PEC dos gastos seja aprovada ainda este ano, mas a reforma, afirma, terá apenas a votação na comissão especial até o final de 2016, na melhor das hipóteses.
"Pelas nossas contas, a PEC, pela polêmica que traz, vai ter uma obstrução da oposição primeiro na Comissão de Constituição e Justiça e depois na votação na comissão especial. Então esses prazos, pelo que estamos vendo, vão gerar possibilidade de votação na comissão só no final do ano", explicou.
Maia disse ainda não ver com bons olhos a proposta do deputado tucano Marcos Pestana (MG) de votar separadamente as regras futuras para a Previdência e só depois a transição, que pegaria trabalhadores hoje na ativa. Para Maia, corre-se o risco de não votar uma transição, o que prejudicaria todo o sistema.
"Eu de fato defendo que se faça uma transição com certo cuidado. Porque se a PEC dos gastos for aprovada, o novo sistema for aprovado e não tiver um conflito muito grande na transição, terá outras fontes para cobrir no curto prazo do déficit da Previdência. Vai aparecer, porque vai ter condições de vender ativos", disse, citando ainda a possibilidade de uma reforma tributária para melhorar a arrecadação, apesar de o governo negar que pretenda mexer no sistema no curto prazo.
(Por Lisandra Paraguassu)