CARACAS (Reuters) - Um pastor evangélico venezuelano pouco conhecido lançou no domingo sua candidatura para a próxima eleição presidencial, em uma ilustração da influência religiosa crescente na política latino-americana.
"Quero tornar esta nação grande, quero trazer Jesus para esta nação, porque Jesus dignifica o coração de qualquer fiel", disse Javier Bertucci, da organização religiosa O Evangelho Muda, em uma transmissão pela internet.
O religioso vai concorrer contra o impopular presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que buscará a reeleição em abril em uma votação que grande parte da comunidade internacional descreveu como favorável a Maduro, e a oposição do país não tomou uma decisão unificada quanto a participar ou não do processo.
Mas o sucesso do cantor evangélico Fabricio Alvarado na votação presidencial da Costa Rica e a ascensão de candidatos religiosos nas próximas eleições de El Salvador voltaram a chamar atenção para os líderes evangélicos da América Latina.
Bertucci não tem experiência política conhecida nem tem grande renome na Venezuela. A entidade O Evangelho Muda descreve a si mesma como uma organização de voluntários sem fins lucrativos dedicada a transmitir valores cristãos.
Bertucci disse que a crise econômica do país, que está causando hiperinflação e escassez crônica de alimentos e remédios, pode ser resolvida "muito rapidamente" e que está disposto a pedir a ajuda de outros países.
"Jesus mudou a história, e nós também o faremos", disse ele em um discurso que foi aplaudido por cerca de uma centena de seguidores, alguns dos quais pareciam à beira das lágrimas. "Hoje iniciamos uma corrida que venceremos".
Maduro tem afirmado que vencerá a eleição de 22 de abril e governará até 2025.
A oposição afirma que o pleito foi convocado sem antecedência suficiente para garantir uma campanha justa ou para que se instaurem mecanismos para evitar fraude ou intimidação nas urnas.
A vizinha Colômbia anunciou que não reconhecerá os resultados da eleição.
Maduro, um ex-motorista de ônibus e líder sindical, disse que o país é vítima de uma "guerra econômica" liderada pela oposição com a ajuda de Washington, que no ano passado impôs várias rodadas de sanções contra seu governo.
(Por Ana Isabel Martínez)