RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Polícia Federal lançou operação para cumprir mandados de prisão relacionados à Lava Jato no Rio de Janeiro e em Porto Alegre, nesta quarta-feira, para desarticular uma suposta organização criminosa que atuava na Eletronuclear, tendo como um dos alvos o ex-presidente da empresa Othon Luiz Pinheiro da Silva, que já é réu no âmbito da investigação.
De acordo com a PF, seis funcionários da Eletronuclear, uma unidade da Eletrobras (SA:ELET3), que integravam um núcleo operacional de fraudes tiveram a prisão preventiva decretada, enquanto outras três pessoas são alvo de mandados de prisão temporária e nove de condução coercitiva.
"As investigações da PF apontam que um clube de empreiteiras atuava para desviar recursos da Eletronuclear, principalmente os destinados às obras da Usina Nuclear de Angra 3. A operação Pripyat apura os crimes de corrupção, peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro, sendo um desdobramento no Rio de Janeiro da 16ª fase da operação Lava Jato, denominada Radioatividade", informou a PF em comunicado.
A PF não revelou o nome dos alvos dos mandados judiciais, mas, segundo a emissora de TV GloboNews, Pinheiro será levado pelos agentes da PF de sua casa, onde cumpre prisão domiciliar, para a superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro, e de lá para um presídio da cidade.
Segundo a emissora, a operação deflagrada nesta manhã tem como base informações passadas às autoridades por executivos da empreiteira Andrade Gutierrez em delação premiada sobre desvios de recursos no setor elétrico.
Pinheiro foi alvo da 16ª etapa da operação Lava Jato, chamada Radioatividade, realizada em julho de 2015. Em dezembro do ano passado, a Justiça Federal do Rio acatou denúncia contra ele e mais 13 pessoas por acusações de corrupção e outros crimes relacionados a contratos da usina de Angra 3 investigados pela Radioatividade.
De acordo com as investigações do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, foi formado um cartel nas licitações de serviços de montagem da usina com envolvimento das empreiteiras Andrade Gutierrez e Engevix, que teriam feito pagamento de propinas ao ex-presidente da Eletronuclear.
Pinheiro, um vice-almirante reformado, foi acusado à época de receber propina de ao menos 4,5 milhões de reais e ficou preso em uma base militar no Rio de Janeiro antes de ser transferido para a prisão domiciliar.
(Por Pedro Fonseca)