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Planalto quer manter distância de Cunha e não deve comentar prisão, dizem fontes

Publicado 19.10.2016, 18:04
© Reuters. Ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha durante entrevista coletiva em Brasília

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - Com o presidente Michel Temer fora do país, a ordem no Palácio do Planalto é não comentar a prisão do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha e manter distância do ex-deputado fluminense, disseram à Reuters duas fontes governistas.

A informação oficial, passada pela Secretaria de Imprensa da Presidência da República, é que a preocupação com a prisão de Cunha "é zero" e o governo não interfere em ações de outro Poder.

Internamente, fontes avaliam que a prisão do ex-deputado "já estava na conta" e não foi uma surpresa. "Até surpreende que demorou mais do que se esperava para acontecer", disse uma das fontes.

Desde que assumiu a Presidência da República, Temer tem tentado se manter longe de Cunha e, apesar de serem do mesmo partido, preferiu evitar de qualquer forma ajudá-lo a escapar da cassação.

O afastamento definitivo do deputado facilitou a situação do Planalto, mas a prisão traz de volta um risco concreto de uma delação premiada, avalia um assessor palaciano. Especialmente com a mulher de Cunha, Claudia Cruz, também sendo processada pelo juiz Sérgio Moro.

De acordo com uma das fontes ouvidas pela Reuters, o temor de uma delação de Cunha tem mais relação com o efeito que pode ter no PMDB do que no governo Temer em si, apesar de não haver dúvidas de que um abalo no partido pode afetar a estabilidade do governo.

A avaliação é que, ao contrário do que apregoa a oposição, Cunha não teria elementos para comprometer o presidente, com quem nunca teria tido uma relação tão próxima. No entanto, poderia complicar a vida de outros peemedebistas e desestabilizar o governo, que já se vê envolto em denúncias contra seus ministros.

© Reuters. Ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha durante entrevista coletiva em Brasília

No núcleo político do Planalto, nenhum dos ministros tem proximidade com Cunha ou circulava no mesmo grupo peemedebista do ex-deputado, que foi levado à política fluminense pelo grupo de Anthony Garotinho, Sergio Cabral e a família Picciani. Embora Leonardo Picciani seja ministro do Esporte de Temer, ele não faz parte do núcleo próximo do presidente.

A única exceção é Moreira Franco, secretário do Programa de Parcerias de Investimento (PPI), também oriundo do Rio de Janeiro, a quem Cunha já acusou de estar por trás de irregularidades do projeto do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro. O secretário, no entanto, afirma não ser do mesmo grupo e não ter relação com Cunha.

A ordem é manter o silêncio e distância do ex-parlamentar fluminense e não trazer o problema para dentro do Planalto. A informação repassada pela assessoria da Presidência é que Temer ainda não foi informado da prisão, já que está em trânsito e dormindo na ala privada do avião presidencial. 2016-10-19T200251Z_1_LYNXNPEC9I1GO_RTROPTP_1_RUPTION.JPG

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