BRASÍLIA (Reuters) - A Câmara dos Deputados iniciou nesta quarta-feira os debates em plenário sobre a proposta de reforma trabalhista, mas a expectativa é de um dia longo de discussões, com votação do texto-base do projeto só a partir do fim da tarde.
Polêmica, a proposta é alvo de obstrução da oposição, que iniciou as manobras pela manhã com a apresentação de um requerimento que pedia a votação pelo painel de um outro requerimento, este de retirada de pauta.
Não bastasse a oposição, o governo também enfrenta resistência dentro da própria base. O exemplo mais explícito é o PSB, que apesar das divisões internas sobre o tema, fechou questão tanto contra a reforma trabalhista quanto a da Previdência, com previsão de punições aos que não seguirem a orientação do partido.
Ciente das dificuldades que enfrentará para aprovar as reformas --a trabalhista é encarada como um teste para a votação da previdenciária--, o governo anunciou a exoneração de três ministros com mandato na Câmara dos Deputados para que participem das votações.
No início desta tarde, o deputado Mendonça Filho (DEM-PE), que até a segunda-feira comandava o Ministério da Educação, já circulava no salão verde da Câmara. Também foram exonerados Bruno Araújo (PSDB-PE), do Ministério das Cidades, e Fernando Coelho Filho (PSB-PE), da pasta de Minas e Energia.
Na avaliação de um integrante da base, mas que não se alinha com o governo pela aprovação das reformas, a exoneração dos ministros pode ter sido um tiro no pé para o Planalto, que acabou dando uma demonstração de fraqueza com a movimentação.
O texto-base da reforma trabalhista foi aprovado na véspera por uma comissão especial da Câmara, que não chegou a analisar emendas apresentadas ao projeto. A expectativa é que a votação seja longa e repleta de manobras de obstrução, devendo adentrar a noite e estender-se para a quinta-feira, um dia antes das manifestações e da greve geral convocada contra as reformas.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)