Por Krisztina Than e Gergely Szakacs
BUDAPESTE (Reuters) - O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, disse nesta terça-feira que sua reeleição com números expressivos lhe autorizou a restringir os direitos dos imigrantes e buscar uma União Europeia de nações independentes, ao invés de "Estados Unidos da Europa".
O líder nacionalista de direita, cuja vitória retumbante no domingo abalou os partidos de oposição, também disse que planeja renovar seu governo. "Montarei um novo governo, em grande parte com pessoas novas e uma estrutura nova", afirmou, sem entrar em detalhes.
Orban conquistou um terceiro mandato consecutivo nas eleições de domingo, e sua mensagem de campanha anti-imigração rendeu uma grande maioria parlamentar dois terços dos assentos ao seu partido, segundo resultados preliminares.
"Recebemos um mandato forte", disse o premiê de 54 anos em sua primeira coletiva de imprensa depois do triunfo eleitoral, que provocou a renúncia de Gabor Vona, líder do Jobbik, a principal sigla opositora, do Parlamento.
"O povo húngaro definiu as questões mais importantes: estas são as questões da imigração e da soberania nacional", argumentou Orban.
"Está inteiramente claro... pelo resultado da eleição que os húngaros decidiram que só eles podem decidir com quem querem viver na Hungria, e o governo se aterá a esta posição."
Na segunda-feira o partido governista Fidesz indicou que pode propor uma legislação para reprimir organizações que defendem os direitos dos imigrantes assim que o Parlamento voltar a trabalhar.
O projeto de lei governamental "Detenham Soros" apresentado ao Parlamento imporá uma taxa de 25 por cento sobre doações estrangeiras a ONGs que Budapeste diz apoiarem a imigração para a Hungria. Seu nome se refere a George Soros, bilionário húngaro radicado nos Estados Unidos cujo financiamento de causas liberais e democráticas e a favor de fronteiras abertas na Europa o tornou um grande adversário de Orban.
"Na minha opinião a eleição também... decidiu que o governo húngaro deve se posicionar por uma Europa de nações, e não por 'Estados Unidos da Europa'", disse Orban, que se opõe a uma integração mais profunda com a União Europeia.
Orban acrescentou que cultivará relações mais próximas com a Polônia de governo nacionalista e com a região alemã conservadora da Baviera em seu novo mandato por causa do apoio direto destas à sua campanha de reeleição.