Por Linda Sieg e Kaori Kaneko
TÓQUIO (Reuters) - No fim de 2014, o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, pegou os mercados e os eleitores de surpresa quando adiou um impopular aumento de imposto sobre vendas e convocou eleições. Menos de dois anos depois, a única surpresa será se ele não repetir a manobra.
Com o consumo fraco, um aumentos dos salários hesitante e desaceleração das economias emergentes afetando o crescimento do Japão, economistas apostam que Abe novamente adiará elevar o imposto para 10 por cento, ante 8 por cento.
Atualmente agendado para abril de 2017, o aumento é visto por conservadores fiscais como vital para controlar a crescente dívida pública e os gastos com seguridade social.
Descumprir a promessa feita no fim de 2014 de não adiar novamente a elevação do imposto daria a Abe motivo para convocar uma eleição para a câmara baixa do Parlamento para coincidir com votação para a câmara alta em julho. Sua coalizão já detém ampla maioria na câmara baixa.
Grandes vitórias nas duas Casas para o partido de centro-direita LDP, de Abe, e para parlamentares de ideologia semelhante aumentariam suas chances de conseguir começar a revisar a Constituição pacifista do Japão --manobra que Abe e sua base conservadora têm em vista há muito tempo.
Dezoito dos 21 economistas consultados pela Reuters esperam que Abe adie o aumento do imposto sobre vendas e 15 esperam uma eleição.
"Parece que ele (Abe) quer evitar qualquer impacto eleitoral da elevação do tributo, conseguir uma gestão de longo prazo e aumentar a possibilidade de revisar a Constituição", disse Harumi Taguchi, economista do IHS Global Insight.