Por Tom Miles
GENEBRA (Reuters) - O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acusado de desrespeitar os direitos humanos e a democracia na Venezuela, deve discursar no primeiro dia de uma sessão de três semanas do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) em 11 de setembro.
O governo de Maduro vem sendo criticado pela ONU, por Washington e outros governos por ignorar o Congresso dominado pela oposição, prender centenas de opositores e não permitir a entrada de ajuda humanitária para amenizar uma crise econômica grave.
"Recebemos uma 'note verbale' hoje dizendo que ele virá", disse o porta-voz de direitos humanos da ONU, Rolando Gomez, nesta segunda-feira. "Ele falará na abertura da sessão do conselho".
Maduro se pronunciará pouco depois do discurso de abertura do alto comissário de Direitos Humanos da ONU, Zeid Ra'ad al-Hussein, que na semana passada disse que a democracia "mal está viva" no país latino-americano.
Um relatório emitido pelo escritório de Zeid em 30 de agosto disse que as forças de segurança cometeram violações de direitos humanos aparentemente amplas e deliberadas ao reprimir protestos antigoverno.
O relatório pediu mais investigações e responsabilização e exortou Maduro a libertar manifestantes detidos arbitrariamente e a impedir o uso ilegal de tribunais militares para julgar civis.
A Venezuela não permite que autoridades da ONU façam visitas de averiguação desde 1996. A ONU disse que se acredita que cerca de 882 das 5.432 pessoas detidas arbitrariamente nas manifestações de rua ocorridas desde abril ainda estão sob custódia.
Os detidos muitas vezes são sujeitos a maus tratos que, em alguns casos documentados, equivalem a tortura, disse o relatório da semana passada.