RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otavio de Noronha, afirmou nesta segunda-feira que houve um exagero na repercussão da declaração do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, de que para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF) basta um soldado e um cabo.
"Nitidamente, não vi nenhum interesse de ameaça, estão exagerando na dimensão do que ele falou", afirmou Noronha a jornalistas, ao deixar evento da Fundação Getulio Vargas.
Noronha pontuou que a declaração do "rapaz", como o presidente do STJ chamou Eduardo, em um vídeo que viralizou nas redes sociais no domingo, foi em resposta a uma pergunta que considerava a possibilidade de o Supremo não deixar alguém legitimamente eleito assumir o cargo.
"Nota que não teve nenhuma intenção, estão superdimensionando uma declaração feita antes do primeiro turno", afirmou.
Após um jornalista observar que o deputado é filho de um candidato à Presidência, Noronha pontuou que se não fosse a declaração "não teria dado a consequência que deu".
Noronha também destacou não ter visto declarações de ambos os presidenciáveis que ameacem a democracia.
"Não vi nenhuma declaração do candidato Bolsonaro que ameaçasse a democracia, como também não vi nenhuma declaração do candidato Haddad que ameaçasse a democracia, eu acredito que isso está muito mais de quem ouve e quem lê de criar um ambiente que não traduz a realidade do Brasil", disse Noronha.
"O ambiente do Brasil é de democracia, nós vamos exercer nosso voto no próximo domingo com ambiente de total tranquilidade, com manifestações de ambos os lados. Tudo correndo com tranquilidade."
O presidente do STJ disse ainda que a Constituição sacramenta um ambiente democrático no Brasil e que o Brasil tem hoje um Judiciário "totalmente independente".
"O Brasil vive hoje um momento de extrema democracia, com as instituições bem fortes, bem firmes, bem instituídas. Ao meu sentido, não corre nenhum risco, pouco importa quem seja o presidente eleito, não estou nem um pouco preocupado com isso", disse Noronha.
"O ambiente democrático está estabelecido por força de preceito constitucionais. O Supremo tem total independência para decidir, o Superior Tribunal de Justiça tem decidido com total independência", acrescentou.
O presidente do STJ também reforçou o papel das Forças Armadas no atual ambiente.
"Nós temos as Forças Armadas com compromisso sérios com a democracia, as declarações dos generais, dos comandantes têm sido muito claras, no sentido de que eles garantem a democracia."
(Por Marta Nogueira)