Por Mitra Taj
LIMA, Peru (Reuters) - Um procurador peruano disse na noite de quinta-feira que o ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez e as empreiteiras brasileiras Odebrecht e OAS podem ter financiado campanhas eleitorais do presidente do Peru, Ollanta Humala, de forma ilegal.
O procurador Germán Juárez investiga a primeira-dama Nadine Heredia, co-fundadora e atual presidente do partido de Humala, por possível envolvimento em contribuições de campanha não declaradas. Ele pediu a um juiz para proibi-la de deixar o Peru.
Humala possui imunidade presidencial contra investigação até cinco anos após o fim de seu mandato, que começou em 2011 e se encerra em 28 de julho.
Não houve acusações formais até o momento. Roy Gates, advogado de Nadine, disse que os procuradores não identificaram quaisquer crimes ligados às finanças do partido para fundamentar suspeitas de lavagem de dinheiro.
Segundo Juárez, um informante deu a procuradores uma carta assinada por Chávez destinada a Humala que menciona cerca de 2 milhões de dólares em "investimentos" na primeira candidatura presidencial de Humala, em 2006. A carta ainda não foi examinada para autenticação.
"Queime qualquer evidência, irmão, para o bem de todos nós. Isto é ajuda revolucionária, socialista", disse a carta, lida por Juárez em audiência televisionada.
Caso autêntica, a carta indica as distâncias percorridas por Chávez, morto em 2013, para disseminar pela América Latina a sua chamada revolução Bolivariana.
Humala tinha Chávez como mentor. Mas em 2011, após a derrota na eleição presidencial de 2006, manteve distância de Chávez e mudou da postura, adotando um estilo mais moderado, inspirado pelo ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com o procurador, outro informante afirmou que as empreiteiras brasileiras Odebrecht e OAS, ambas envolvidas no esquema de corrupção investigado pela operação Lava Jato, entregaram centenas de milhares de dólares para Humala e a mulher, além de terem pago um assessor ligado ao PT para ajudar na campanha de Humala em 2011.
A Odebrecht, que venceu licitação para um gasoduto de 5 bilhões de dólares no Peru durante o governo Humala, se recusou a comentar a acusação do procurador, e a OAS não respondeu de imediato a pedidos por comentários.
Humala nega ter recebido recursos de Chávez. Na quinta-feira, o gabinete do presidente não estava disponível de imediato para responder a pedidos de comentários.