BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da República em exercício, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quarta-feira, após o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) manter condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo do apartamento tríplex do Guarujá, que o dia não merece ser "celebrado" por quem tem responsabilidade pública, apesar de ter construído sua carreira na oposição ao ex-presidente e ao PT.
Maia acrescentou, no entanto, que o resultado do julgamento "deixa claro que o Brasil é uma democracia madura onde as instituições funcionam plenamente", e que qualquer comentário sobre a sentença deve respeitar a "ordem institucional".
"Construí minha carreira combatendo, no campo da política, as teses defendidas pelo ex-presidente Lula e pelo PT. Ainda assim, quem tem responsabilidade pública, em qualquer nação, não pode estar celebrando o dia de hoje", disse Maia, por meio de nota.
"Na política, o melhor foro de enfrentamento de teses diferentes é a campanha eleitoral. Nela, o veredito é dado pelas urnas. Mas a campanha não começou, e quem se pronunciou hoje foi o Poder Judiciário. É necessário ouvi-lo e respeitá-lo."
Os desembargadores da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) votaram, por unanimidade, pela condenação do ex-presidente Lula pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Durante o julgamento nesta quarta-feira de recurso do petista em processo relacionado ao apartamento tríplex em Guarujá, no litoral de São Paulo, os desembargadores também aumentaram a pena fixada anteriormente pelo juiz de primeira instância Sérgio Moro.
A decisão traz complicações às intenções do petista de concorrer ao Palácio do Planalto em outubro.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)