RIO DE JANEIRO (Reuters) - O governo do Rio de Janeiro entrou no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ministro da Justiça, Torquato Jardim, que em entrevistas à mídia acusou a polícia do Estado de ter ligação com o crime organizado.
As declarações de Torquato causaram revolta entre autoridades do Rio de Janeiro que, além de surpresas, chamaram o conteúdo da entrevista de irresponsável, mentiroso e sem fundamento.
O governador do Estado, Luiz Fernando Pezão (PMDB), se reuniu nesta quarta-feira com a cúpula da segurança e comandantes de batalhões para prestar solidariedade e para “acalmar” os militares.
"Vamos interpelar o ministro no STF numa ação de reparo e pedindo explicações a ele sobre o que falou", disse Pezão à Reuters.
“Não entendi o ministro Torquato. Não sei o que deu. Acho que nem o (presidente Michel) Temer sabe”, disse o governador, que trocou mensagens com o ministro da Justiça, mas ainda não teve oportunidade de conversar mais profundamente.
"O ministro me disse que falou em nome pessoal e não em nome do governo... não acredito que esse tipo de coisa abala a força tarefa. O presidente Temer reiterou que quer nos ajudar mais fortemente,"
O secretário de Segurança Pública fluminense, Roberto Sá, fez um breve pronunciamento após o encontro. “Além de manifestar solidariedade, o governo anunciou que o Estado do Rio vai interpelar judicialmente o ministro da Justiça para que preste esclarecimentos", disse.
“O trabalho não para e isso não vai interferir o nosso trabalho em conjunto com o governo federal. A ajuda é bem vinda”, acrescentou.
Em tom de indignação com as declarações de Torquato, o comandante-geral da Polícia Militar, Wolney Dias, declarou que comanda uma tropa de heróis e não uma horda de policiais.
“Também serei signatário nessa ação do Estado...não comando uma horda, mas sim uma legião de heróis que sangram diariamente em defesa da sociedade“, disse ele numa referência aos 114 PMs mortos no Estado em 2017.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)