(Reuters) - A Câmara dos Deputados elegerá nesta quarta-feira o novo presidente da Casa para suceder o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que renunciou ao posto na semana passada em meio a diversas denúncias de corrupção e de um processo que pede a cassação de seu mandato.
Desde a renúncia de Cunha, no dia 7 de julho, surgiram vários nomes para sucedê-lo, todos de partidos da base aliada ao presidente interino Michel Temer, embora de grupos distintos que compõem a coalizão governista. O novo presidente da Câmara cumprirá o mandato até janeiro de 2017, quando se inicia nova legislatura.
O prazo para registro de candidaturas vai até as 12h desta quarta-feira, horas antes do início da votação. Até o início da manhã desta quarta, havia 14 candidatos registrados.
Veja abaixo alguns desses nomes.
- ROGÉRIO ROSSO (PSD-DF)
Deputado em segundo mandato, Rosso ganhou notoriedade nacional ao presidir a comissão especial que analisou e aprovou o pedido de abertura de processo de impeachment contra a presidente afastada Dilma Rousseff na Câmara.
Visto como nome próximo a Cunha e integrante do chamado centrão, Rosso, de 47 anos, votou favoravelmente ao impedimento de Dilma no plenário da Casa. Líder da bancada do PSD, é um dos fundadores do partido ao lado do ministro das Comunicações, Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab.
Além de deputado, foi governador do Distrito Federal por mais de oito meses em 2010, tendo sido eleito ao posto indiretamente em meio à crise vivida pela capital federal por uma série de denúncias de corrupção. É também músico e costuma divulgar nas redes sociais seus dotes de guitarrista.
- RODRIGO MAIA (DEM-RJ)
Nome ligado à antiga oposição a Dilma na disputa pela presidência da Câmara, Rodrigo Maia, 46 anos, nasceu em Santiago, no Chile, pois à época seu pai, o ex-prefeito do Rio de Janeiro Cesar Maia, vivia no exílio por causa da repressão do regime militar.
Deputado federal desde 1999, Maia já presidiu o DEM e foi líder da bancada do partido na Câmara. Tem trânsito com Temer e chegou a ajudá-lo em 2015, quando o hoje presidente interino era articulador político de Dilma precisou obter votos no DEM para aprovar a medida provisória proposta por Dilma para restringir o acesso ao seguro-desemprego, parte do ajuste fiscal.
Geralmente uma das vozes mais críticas a Dilma, Maia buscou apoio do PT à sua candidatura à presidência da Câmara, apostando na vontade do partido de Dilma de evitar que um nome ligado a Cunha fosse eleito para o cargo.
- MARCELO CASTRO (PMDB-PI)
Ex-ministro da Saúde de Dilma, Castro, de 66 anos, votou contra o impeachment da petista no plenário da Câmara. Antes, no entanto, era um aliado próximo de Cunha, chegando a ser nomeado por ele relator de uma comissão que deveria apresentar uma proposta de reforma política.
O trabalho, entretanto, desagradou o então presidente da Câmara, que o descartou, iniciando um desgaste na relação entre ambos. Um dos homens de frente da busca por maior participação dos Estados não produtores de petróleo nos royalties do pré-sal, Castro rompeu de vez com Cunha ao assumir o Ministério da Saúde no segundo mandato de Dilma, cargo que ocupou em meio à crise causada pelo Zika vírus, e ao passar a defender o mandato da petista.
Deputado federal desde 1999, Castro pode ter apoio do partidos da chamada nova oposição --PT, PCdoB e PDT-- e atrair votos de outros parlamentares simpáticos a ele.
- FERNANDO GIACOBO (PR-PR)
Atualmente segundo vice-presidente da Câmara dos Deputados, Fernando Giacobo, de 46 anos, presidiu por várias vezes sessões da Casa após o afastamento de Cunha pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e em meio à rejeição ao primeiro vice-presidente, Waldir Maranhão (PP-MA).
Integrante do centrão, Giacobo votou pelo impeachment de Dilma no plenário da Câmara e é nome próximo de Cunha, que apoiou sua candidatura à segunda vice-presidência da Casa, lançada à revelia de seu partido que havia escolhido outro nome para a função.
- BETO MANSUR (PRB-SP)
Primeiro secretário da Câmara e deputado desde 1991, Mansur também presidiu algumas sessões da Casa em meio ao vácuo de poder provocado pelo afastamento de Cunha e pela rejeição a Maranhão.
Mansur, atualmente com 65 anos, votou pelo impeachment de Dilma e foi prefeito de Santos (SP) por dois mandatos seguidos, de 1997 a 2004. Ao deixar o cargo, dedicou-se por dois anos a suas empresas, mas voltou a eleger-se deputado em 2006.
(Por Eduardo Simões, em São Paulo)