Por Maria Carolina Marcello e Leonardo Goy
BRASÍLIA (Reuters) - Aliados da presidente afastada Dilma Rousseff até se animaram com a demonstração de firmeza da petista durante seu depoimento, e chegaram a alimentar esperanças de evitar o impeachment, mas no fim da noite desta terça-feira alguns, já abatidos, jogavam a toalha diante do insucesso de atrair senadores indecisos, entre eles os três membros da bancada do Maranhão.
Parlamentares envolvidos nas negociações esperavam obter mais sete além dos 21 senadores que já se posicionam contra o impeachment, já que basta, para o lado da presidente afastada, que 28 votem contra o impedimento. São necessários dois terços do plenário, o equivalente a 54 votos, para condenar Dilma pelos crimes de responsabilidade de que é acusada.
Por isso mesmo, aliados tinham como alvo os indecisos. Uma vez obtidos os sete necessários, explicou uma fonte envolvida nas articulações, estaria quase certa a migração de outros três, justamente os que compõem a bancada do Maranhão.
Segundo outro aliado de Dilma, o próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou o dia conversando com senadores. O envolvimento de Lula, no entanto, não foi suficiente para atrair a bancada maranhense para o barco contrário ao impeachment.
Na noite de segunda-feira, relata o aliado, o ex-presidente chegou a se reunir com o senador Edison Lobão (PMDB-MA), mas o esforço não foi suficiente para se sobrepor às questões locais, razão pela qual, relata a fonte que preferiu não se identificar, "a conversa não foi muito boa".
Ao longo do dia, dedicado a discursos dos parlamentares, o fato de alguns senadores não declararem seus votos --caso de Acir Gurgacz (PDT-RO)-- também deu uma injeção de ânimo aos envolvidos na negociação por votos contrários ao impeachment.
Mas diante do posicionamento dos maranhenses, e de discursos mais incisivos de outros senadores com quem vinham negociando, caso de Ivo Cassol (PP-RO), que se declarou a favor do impeachment, a animação foi se perdendo.
Outro parlamentar que defende o mandato de Dilma reconheceu a dificuldade e disse à Reuters que já não era possível reverter a situação.
Os debates e discursos devem se estender até a madrugada, para que a sessão seja retomada às 11h de quarta-feira e seja iniciada a última fase do julgamento, a votação em si.