SÃO PAULO (Reuters) - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta terça-feira que seria "surpreendente" se partidos declarassem apoio político a sua candidatura à Presidência da República antes de ele mesmo decidir se deixará o cargo para disputar as eleições.
A fala veio após o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, ter dito mais cedo que eventual filiação de Meirelles ao MDB seria positiva, mas não seria uma garantia de que ele seria o candidato do governo.
"É normal que as pessoas estejam ainda se definindo. Como eu disse, eu próprio não tenho ainda uma definição. Seria uma coisa absolutamente até surpreendente se já existissem definições de partidos antes de eu próprio me decidir", disse Meirelles, que é atualmente filiado ao PSD.
Falando a jornalistas após participação no evento "Prefeitos do Futuro", em Brasília, Meirelles afastou a possibilidade de se candidatar ao Senado e reiterou que tomará uma decisão acerca da sua participação na corrida presidencial até o início de abril.
Segundo Meirelles, conversas mais aprofundadas com partidos, inclusive com o MDB do presidente Michel Temer, ocorreriam depois de ele concluir se continuará à frente da equipe econômica ou se deixará o cargo para concorrer no pleito de outubro.
O ministro avaliou que o Brasil tenderá a ter um presidente reformista, mas ressalvou tratar-se "meramente de uma expectativa".
Questionado sobre encontro que terá na quarta-feira com representante da agência de classificação de risco Moody's, a única que ainda não rebaixou a nota de crédito do país após o naufrágio da reforma da Previdência, Meirelles disse que continuará fazendo seu trabalho em busca de um aumento na classificação da dívida soberana.
"Eu não tento influenciá-los, não tento incentivá-los a aumentar a nota ou prevenir queda de nota. Eu faço o meu trabalho e as agências fazem o trabalho delas", afirmou.
Segundo o ministro, além da reforma da Previdência e medidas fiscais, as agências se preocupam com as incertezas eleitorais e sobre como será a condução da política econômica no próximo mandato presidencial.
Meirelles afirmou que o país está crescendo em ritmo que vai superar expectativas e a sensação de bem estar ficará cada vez mais perceptível para a população.
(Por Marcela Ayres; Edição de Iuri Dantas)