Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer anunciou nesta sexta-feira o deputado Roberto Freire (PPS-SP) para o Ministério da Cultura, depois do pedido repentino de demissão de Marcelo Calero do cargo.
De acordo com informações do Ministério da Cultura, Calero alegou "divergências com alguns membros do governo" para a decisão. A demissão pegou o Palácio do Planalto - e ao próprio presidente - de surpresa, segundo uma fonte palaciana.
As próprias razões do pedido ainda não estão claras para o Planalto, mas Calero teria insistido que não tinha condições de ficar no cargo.
Em sua carta de demissão endereçada a Temer, Calero afirma que sua demissão é por "razão de ordem pessoal", mas demonstra insatisfação.
"Durante os últimos seis meses, empreguei o melhor dos meus esforços, apoiado por uma equipe de extrema qualidade para pensar a política cultural brasileira. Saio do Ministério da Cultura com a tranquilidade de quem fez tudo o que era possível fazer, frente os desafios e limitações com os quais me defrontei. E que o fez de maneira correta e proba", escreveu.
Diplomata, ex-secretário de Cultura da prefeitura do Rio de Janeiro, Calero foi indicado para o cargo pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, e foi nomeado em uma tentativa de abrir um canal de comunicação com o setor, majoritariamente contrário ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
A primeira intenção de Michel Temer era ceder a Cultura para o PPS. O nome de Freire e o do senador Cristovam Buarque (PPS-DF) chegaram a ser cogitados. Mas a decisão de transformar o ministério em uma secretaria, somada à resistência do setor ao governo de Temer, fez com que o presidente tentasse um nome mais próximo da área e não o colocasse na divisão política.
Para tentar se aproximar da área cultural, Temer recuou e o transformou mais uma vez a Cultura em ministério.
Apesar de todas essas tentativas, a área cultural continuava resistente ao governo e Calero nunca conseguiu conquistar grande espaço.
No início deste mês, ao organizar a cerimônia de Ordem do Mérito Cultural, havia um temor no governo de que houvesse protestos ou, pelo menos, uma baixa frequência. Nada disso aconteceu, mas eram facilmente notáveis as várias cadeiras vazias no evento.