(Reuters) - O presidente Michel Temer afirmou, em entrevista publicada nesta sexta-feira pelo jornal O Estado de S. Paulo, que considera ter feito a sua parte pela aprovação da reforma da Previdência, e que agora o governo tem no máximo três semanas para definir se tem ou não apoio suficiente para aprovar a matéria no Congresso.
"Nós vamos insistir muito na reforma da Previdência. Agora, de fato, é preciso ter votos. Nós temos duas, três semanas para fazer a avaliação se temos votos ou não e depois decidimos se vamos votar de qualquer maneira ou não”, disse Temer ao Estadão.
Temer lembrou, segundo o Estadão, que tem participado de programas populares de televisão para tentar diminuir a resistência à reforma da Previdência, e que agora é preciso convencer o povo "porque o Congresso sempre ecoa a vontade popular".
Segundo o presidente, em seu governo a relação com o Congresso é uma espécie de semipresidencialismo, em que o Executivo governa com o Legislativo.
Na quinta-feira, o vice-líder do governo na Câmara Rogério Rosso (PSD-DF) defendeu em reunião com Temer o adiamento da votação da reforma da Previdência, prevista para a semana do dia 19 deste mês, sob o risco de o governo sofrer uma derrota.
Na entrevista ao Estadão, Temer também falou sobre sua sucessão nas eleições de outubro, e reiterou que o governo só vai decidir seu candidato no fim de maio ou início de junho.
O presidente afirmou que a pesquisa de intenção de voto publicada neste momento "não vale nada para o dia das eleições", e elogiou três nomes vistos como possíveis candidatos do Planalto: Henrique Meirelles (PSD), Rodrigo Maia (DEM) e Geraldo Alckmin (PSDB).
"Pelas qualidades... todos eles são viáveis. Um por cento não tem importância", disse Temer. Pesquisa Datafolha publicada esta semana mostrou Meirelles e Maia com no máximo 2 por cento de apoio, enquanto Alckmin fica abaixo de 10 por cento.
Temer também defendeu que o Supremo Tribunal Federal decida de forma definitiva sobre o início da prisão após condenação em segunda instância, mas sem citar diretamente a situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Sobre o petista, Temer disse que a saída dele politicamente modifica o quatro eleitoral, e afirmou que não considera que uma decisão judicial se caracterize como golpe.
"Não se pode falar em golpe. Tudo que não me convém é desordem, é golpe. Dizem que a minha ascensão foi golpe, as pessoas não leram o texto constitucional”, afirmou.
O presidente também abordou na entrevista a situação da deputada Cristiane Brasil, que teve sua indicação para comandar o Ministério do Trabalho barrada pela Justiça. Temer disse que "teria sido útil" se tivesse sido evitada a divulgação de um vídeo da deputada em um barco que circulou esta semana na internet, mas ponderou que ela tem um "estilo descontraído".